O que é “helicopter money”?

Helicopter money é uma proposta heterodoxa de política monetária que consiste na distribuição direta de moeda à população sem qualquer contrapartida – daí a ideia extrema de jogar dinheiro de helicóptero, que deu origem ao nome. Foi algumas vezes sugerida como alternativa ao “quantitative easing”, título dado ao controle quantitativo de moeda via negociação de títulos públicos em mercado aberto.

O “quantitative easing” deixa de funcionar adequadamente quando a economia está na chamada “armadilha de liquidez” (liquidity trap), situação em que as taxas de juros estão próximas a zero e a economia continua em recessão. Pode parecer uma aberração aos olhos da política monetária ortodoxa, mas caracteriza uma situação cada vez mais recorrente, cujo crescimento nas frequências de ocorrências só foi interrompido pelos choques econômicos que vivemos atualmente em decorrência da pandemia de covid-19.

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Presidência, Congresso e Supremo não são edifícios – nem pessoas

O que os invasores golpistas dos ataques de 8/1 estão percebendo (da pior forma) é que as instituições nacionais não se confundem com nenhum tipo de espaço físico – e nem com pessoas (temporariamente) investidas nos poderes Executivo, Legislativo ou Judiciário.

As lamentáveis imagens e vídeos que circularam pelo país na última semana mostram aquelas pessoas iludidas pelo fato de terem conseguido invadir edifícios repositórios da repartição dos poderes constitucionais do país, acreditando que estavam tomando as instituições em si.

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Um dia que vai durar séculos

Amanhã as urnas brasileiras estarão à espera de mais de 156 milhões de eleitores para uma das decisões mais importantes de nossa história. O país vai tomar uma decisão democrática entre as duas posições antagônicas representativas das mais enraizadas orientações sociais latinoamericanas desde as suas independências nacionais, e não deveríamos deixar nossas emoções e crenças desfocar esse contexto maior. O resultado coletivo da decisão de cada indivíduo, seja ele qual for, provavelmente será estudado por séculos futuros. Continuar lendo Um dia que vai durar séculos

Tesouro Direto e o risco fiscal atual

A taxa SELIC costuma ser muito lembrada pelo aspecto de controle monetário, em especial quando aumenta a restrição de moeda (elevação da taxa). Porém, a mesma taxa também tem um papel fiscal muito importante: indica o grau de atratividade ao investidor para o financiamento do tesouro público. A um determinado nível de risco, o investidor observa a taxa de remuneração de seu capital para decidir se empresta ou não aos cofres públicos. Inclua nesse “ risco” principalmente a probabilidade de calote dos títulos públicos (default da economia). Continuar lendo Tesouro Direto e o risco fiscal atual

Da ascensão do voto nulo no Brasil

O resultado do Segundo Turno das eleições presidenciais de 2018 ficou marcado pelo salto na proporção de votos nulos em relação ao quantitativo de votos válidos, descolando dos resultados de pleitos anteriores [1]. Porém, há de se observar que esta tendência, apesar de branda, já estava lá. Ou seja, o Segundo Turno de 2018 nada mais fez que explodir algo latente.

Mas que lição levamos da crescente proporção de brasileiros que se dirigem à seção eleitoral para anular o voto? Após décadas de limitações severas à democracia, por que tantos brasileiros se comportam assim na oportunidade de exercê-la? Após tanta luta por recuperar as eleições diretas, o que faz com que sejam cada vez mais desprezadas? Continuar lendo Da ascensão do voto nulo no Brasil