A gestão dos escritórios de arquitetura tem se baseado em alguns elementos pouco consistentes, e alguns mitos parecem estar se estabelecendo sem questionamento. Um deles é o da natureza dos custos e das despesas do escritório: diversos manuais (inclusive a Tabela de Honorários do CAU) consolidaram o entendimento dos custos – inclusive as horas consumidas no desenvolvimento dos projetos – eminentemente variáveis, nunca fixos. Mas esse entendimento é incorreto para a diversos escritórios, e parece que poucos gestores se deram conta disso na formação de preços e novas propostas comerciais. Continuar lendo A falácia dos custos do escritório de arquitetura [GA]
Categoria: urbanismo
O mercado de capitais e os imóveis para aluguel
Uma característica da habitação no Brasil que sempre me intrigou é a dificuldade de se consolidar um mercado imobiliário consistente para o aluguel. A despeito das políticas públicas da casa própria, as quais remontam ao Estado Novo de Getúlio Vargas e tomaram por completo o referencial nacional de habitação de interesse social, é no mínimo curioso que esse mesmo modelo se mantenha num ambiente perfeito para a locação, principalmente quanto às seguintes variáveis:
- Custo de oportunidade do capital elevado: com uma das maiores taxas de juros do planeta, a família brasileira teoricamente estaria menos propensa a imobilizar seu capital num imóvel quando pode alocar esse recurso em ativos ainda mais seguros que a solidez dos tijolos, principalmente após o acesso pulverizado ao Tesouro Direto;
- Dinâmicas urbanas de pouco controle público: diversos eventos razoavelmente frequentes em nossos espaços urbanos destroem valor imobiliário da noite para o dia, tais como o anúncios de obras públicas elevadas, como as vias e trilhos elevados, o anúncio de obras de grande porte e geradoras de tráfego, redesenhos de vias públicas que despejam tráfego intenso em ruas tranquilas, invasões de áreas públicas, desrespeito às leis e normas de tranquilidade urbana, entre muitas outras. O investidor racional certamente ponderaria esses elementos no risco desses ativos (o que explica o que eu disse acima sobre títulos poderem ter menor risco que imóveis sólidos).
Entretanto, a ideologia da casa própria segue firme, obrigado. É necessário aqui ponderar também o outro lado dessa equação: Continuar lendo O mercado de capitais e os imóveis para aluguel
O que é a Carta de Veneza
Nota de esclarecimento: interrupção de cursos online
Prezados leitores,
Infelizmente a plataforma Teachable barrou a publicação de mais de um curso para autores pequenos, como eu. Para manter mais de um curso por lá a partir de 15/02/2023 será obrigatório o pagamento de taxas exorbitantes, impossíveis de serem pagas por autores que divulgam conhecimento democraticamente, de forma gratuita ou a baixos custos – caso deste blog.
O aviso chegou agora, a menos de um mês da interrupção, sendo que a plataforma Teachable não fez nenhum tipo de alerta a tempo suficiente para seus autores poderem se reorganizar. Fica aqui registrada minha manifestação de repúdio à forma como o assunto foi conduzido por eles.
Assim sendo, vejo-me obrigado a temporariamente retirar do ar a maior parte dos cursos publicados. Para reduzir os impactos aos meus leitores, manterei no ar o curso com o maior número de matrículas até hoje (Quadros NBR 12.721), de forma a prejudicar o menor número possível de pessoas. Enquanto isso, os demais cursos serão inativados contra a minha vontade. Continuar lendo Nota de esclarecimento: interrupção de cursos online
Encargos e indicadores de desempenho em PPP
Existe uma confusão corriqueira nas estruturações de projetos de PPP e concessões quando se trata da modelagem das obrigações da concessionária. Se, por um lado, o Caderno de Encargos é um velho conhecido dos contratos administrativos brasileiros ao estabelecer taxativamente os deveres da contratada, por outro, os indicadores de desempenho representam uma inovação em nosso ordenamento jurídico sobre o tema.
Os contratos públicos mais modernos e eficazes objetivam mais os benefícios obtidos (output) de que os insumos ou a forma de se prestar os serviços (inputs). Com isso, esses contratos conferem maior liberdade à iniciativa privada para que sejam incorporadas inovações, tecnologias e eficiências que o poder público não tem conseguido alcançar por diversos motivos que vão das travas legais às necessidades de contratação de profissionais especializados de alto custo, além de o Estado não ter a possibilidade dos ganhos de escala em todos os setores. Continuar lendo Encargos e indicadores de desempenho em PPP