Gentrificação é o nome que se dá à substituição da população residente de uma determinada área urbana por outra de poder aquisitivo e renda significativamente maior. É um fenômeno muito criticado por, via de regra, promover a elitização de territórios urbanos simultaneamente ao deslocamento da população de menor poder econômico para territórios menos favorecidos em diversos aspectos, tais como localização geográfica e acesso a equipamentos e a outros benefícios urbanos.
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A cidade do futuro improvável
Eu poderia, de certa forma, ter encerrado esta série sobre Desenho Urbano na semana passada, quando escrevi sobre o Novo Urbanismo. Diversos autores o teriam feito, calçados no fato de que os grandes direcionamentos da década de 1960 parecem perdurar e se fortalecer até hoje.
Por outro lado, se passaram 60 anos de lá para cá. Creio que seria negligente de minha parte ignorar o que se passou pelo desenvolvimento do desenho urbano nas últimas seis décadas, ainda que numa perspectiva ampla e num futuro distante talvez seja um preciosismo ou excesso de detalhe falar sobre os movimentos seguintes.
Ora, que seja, pois estou falando para seres humanos contemporâneos a mim, aos quais mais algumas informações são, certamente, relevantes. Continuar lendo A cidade do futuro improvável
A cidade do Novo Urbanismo
As propostas alternativas à urbanística moderna operacional se tornam mais sólidas e viáveis a partir da década de 1960. A partir de textos teóricos e experiências práticas, são resgatadas riquezas que a variedade, a mistura, a complexidade e a aproximação de diferenças proporcionavam às cidades tradicionais.
As novas propostas urbanas recusam a cidade moderna com a mesma veemência com que esta recusara a cidade tradicional no início do século. Os males do racionalismo radical são listados e escancarados em praça pública. A monotonia, a pobreza formal, desperdício de espaço urbano e de paisagem, além dos ambientes depressivos são denúncias recorrentes nas mais variadas artes – de Laranja Mecânica (1962) na literatura a Brazil, o filme (1985) no cinema, passando por infinitos outros exemplos aqui omitidos.
O urbanismo passa então a olhar novamente para o passado e para a cidade tradicional, resgatando as “qualidades espaciais e de potencial de vida humana, como na crítica de Jane Jacobs, que parecia repropor o modelo das antigas aldeias italianas” [1, p.385].
A cidade operacional do pós-guerra
A Segunda Guerra foi devastadora para as cidades europeias. O déficit habitacional era estratosférico no armistício, o que provocada grandes êxodos humanos – conhecemos essa realidade do outro lado deste caminho, pois o Brasil foi o destino de muitos desses refugiados.
Receosos dos rumos vindouros em decorrência desse cenário, os norte-americanos injetaram grandes volumes financeiros na reconstrução as cidades por meio do Plano Marshall. Se as experiências do início do século haviam trazido espanto pela grandiosidade e velocidade da urbanização moderna, o pós-guerra traria sentido exponencial ao assombro dos europeus.
A cidade alemã de Ernst May
A Alemanha resultante da Primeira Guerra Mundial era um país em frangalhos econômicos, uma situação que só viria a ser revertida após os anos vinte. Porém, uma série de elementos a colocaram também num contexto que permitiu muitas experimentações arquitetônicas, urbanísticas e com especial destaque para as iniciativas habitacionais.
De fato, aquele país produziu no período unidades habitacionais em uma escala tão grande que só seria vista em muitos outros países após a Segunda Guerra Mundial. E não era apenas um feito quantitativo, uma vez que o governo alemão conjugava essa produção com o teste de novas teorias para os programas habitacionais. Os exemplos de Berlim e Frankfurt traziam à realidade diversos ideais modernistas: controle urbanístico, industrialização e racionalização da construção, produção de habitação social, entre outros. Continuar lendo A cidade alemã de Ernst May