Como obter o risco-Brasil sem EMBI+ do Ipeadata

O Ipeadata deixou de publicar os dados de risco-Brasil do EMBI+ (calculado pelo banco J.P. Morgan) no dia 30 de julho de 2024. Com isso, a fonte a ser utilizada para diversas finalidades financeiras teve que ser alterada – uma delas é a de importação do custo de capital próprio (CAPM) norte-americano para a aplicação em projetos brasileiros.

O EMBI+ (Emerging Markets Bond Index Plus) era uma forma de se calcular a diferença de remuneração de títulos públicos de dívida dos países emergentes em relação aos títulos do Tesouro dos Estados Unidos. O índice era baseado nos bônus emitidos por este grupo de países e mostrava os retornos financeiros obtidos a cada dia por uma carteira selecionada de títulos.

O índice de risco-país auxilia os investidores na compreensão do risco de investir naquele ambiente doméstico específico: quanto mais alto for seu valor, maior a percepção de risco. O EMBI+ foi criado para classificar países que apresentassem alto nível de risco segundo as agências de rating e que tivessem emitido títulos de valor mínimo de US$ 500 milhões, com prazo mínimo de 2 anos e meio. Continuar lendo Como obter o risco-Brasil sem EMBI+ do Ipeadata

O (não tão novo) normal dos shopping centers

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Poucos setores da economia foram tão afetados pela atual crise econômica decorrente da pandemia de covid-19 quanto o varejo. Que o digam os shopping centers, os quais, além deste problema, ainda seguem modelos arquitetônicos de caixotes introspectivos, cujo desenho ignora qualquer possível abertura para a cidade, e raramente tenta algum desenho de adequação climática inteligente. Com suas estruturas de manutenção custosas e energeticamente ineficientes, estão neste momento altamente vulneráveis ao intenso choque de demanda varejista.

Mas a pandemia está longe de ser a principal causa da decadência dos shoppings, apenas parece ter acelerado um processo que já estava presente. O declínio do modelo já havia se iniciado há mais de uma década quando o primeiro caso de covid-19 foi identificado na China. Continuar lendo O (não tão novo) normal dos shopping centers

William Deming e o milagre japonês

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Diz a lenda que quando os aliados ocuparam o Japão, após o término da Segunda Guerra Mundial, vários oficiais estrangeiros relataram “danos profundos na rede telefônica do país”. A estes relatos, os japoneses responderam não haver danos à rede, que ela estava funcionando como antes – ou seja, de forma intermitente. A cultura do país, até então, estava calçada na crença de que sua invencibilidade bélica milenar decorria muito mais de suas tradições que de tecnologia ou preocupações com a qualidade. Uma crença que desapareceu repentinamente.

A partir de então, os japoneses fizeram o que fazem melhor: correram atrás de suas necessidades com obstinação e disciplina. O país, que naturalmente já enfrenta escassez de recursos naturais, limitações territoriais e um clima hostil, estava naquele momento física e moralmente destroçado pela guerra. Conforme seria de se esperar por sua cultura, a sociedade nipônica queria então compreender onde falharam. E receberam, a partir de 1946, especialistas em diversas áreas técnicas. Continuar lendo William Deming e o milagre japonês

Avaliação de aeronaves por inferência estatística, por Agnaldo Benvenho (UPAV 2016)

Agnaldo Benvenho é engenheiro mecânico pela USP, professor de Avaliação Econômica do IBAPE, Diretor Técnico do IBAPE Nacional, 3 vezes premiado no COBREAP e experiente avaliador de imóveis, empreendimentos, máquinas, equipamentos, complexos industriais, entre outros. E nos trouxe, nas telas da UPAV 2016, um estudo sobre a avaliação de aeronaves no contexto brasileiro.

Este tipo de avaliação nos EUA é feita por critérios subjetivos. Eles partem de valores médios publicados em catálogos de valor conhecidos como blue books sobre os quais são feitos ajustes de valor. Os valores dos blue books, que são várias publicações distintas, consideram a média de horas voadas por tipo e idade da aeronave. Continuar lendo Avaliação de aeronaves por inferência estatística, por Agnaldo Benvenho (UPAV 2016)

Expectativas e principais indicadores do mercado imobiliário na América Latina (UPAV 2016)

Hardy Milsch é norte-americano, passou parte de sua vida profissional no México, e hoje é Vice-Presidente Senior e Country Manager da Prologis no Brasil, uma joint venture que representa um dos maiores players brasileiros em apoio logístico. A empresa possui mais de 65 milhões de metros quadrados de área locável no mundo, e ele não se intimida em iniciar seu pronunciamento dizendo que não se preocupa muito com a crise brasileira para seus investimentos. O motivo? As famílias mudam de marca quando o dinheiro fica curto, mas o consumo básico continua existindo. Para ele, só muda o cliente.

A visão de Milsch é de um futuro muito bom para o Brasil em termos de imóveis para apoio logístico, desde que as reformas que apontam no horizonte sejam concretizadas pelo governo. O crescimento recente do Brasil, México e China está ligado à ampliação do consumo das famílias, e o consumo brasileiro continua crescente. Isso tem a ver com outro motivo para seu otimismo: o e-commerce está tomando o lugar das lojas físicas, e esse canal exige três vezes mais espaço logístico para estoques que as lojas convencionais. Continuar lendo Expectativas e principais indicadores do mercado imobiliário na América Latina (UPAV 2016)