Talvez você esteja se perguntando por que sempre citamos custos e despesas, se há alguma diferença entre eles. Pode parecer um preciosismo terminológico inútil dividir os gastos em duas categorias, mas não é. A gestão financeira correta e sobrevivência da empresa dependem de visualizá-los no dia a dia e geri-los adequadamente. Falhas nesse sentido costumam estar presentes em empresas insolventes – aquelas que não conseguem mais honrar seus compromissos financeiros e estão com um pé na cova e outra na casca de banana.
Os conceitos são, na verdade, bem simples. Veja o seguinte exemplo: um arquiteto recém-formado resolveu construir um escritório atelier seu, do zero. Para isso, usou suas economias para os itens básicos de um arquiteto: comprou um computador, uma mesa, cadeira, telefone, impressora, papel, etc. Para cada item pesquisou preços e qualidade pesando a melhor decisão em cada caso – procurou economizar onde fosse possível, mas não abriu mão de um mínimo de qualidade. Este é o custo, são gastos diretamente ligados à produção.
Custo: gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços. Martins (2001, p.25)
Logo o pobre arquiteto percebeu que nenhum cliente aparecia porque não o conhecia. Precisava fazer alguma propaganda, vender seu peixe. Fez cartões de visita e uma página na Internet. Quando os primeiros clientes apareceram, percebeu que não gostavam muito de vê-lo trabalhando em casa, não parecia muito profissional e confiável. Teve que alugar uma pequena sala comercial, para a qual foi necessário também combinar com uma faxineira que o limpasse de vez em quando. Outros clientes passaram a exigir Nota Fiscal ou Recibo de Pagamento a Autônomo – RPA. Teve que se regularizar perante o fisco, pagar tributos, pagar contador. Todo este segundo bloco de gastos são as despesas. Elas não estão ligadas à produção, este é o conceito chave para diferenciá-las dos custos.
Despesa: bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção de receitas.
A despesa pode ser vista como uma espécie de “mal necessário”. Não era onde o arquiteto pretendia investir suas economias, mas não há como permanecer no mercado se não atender a essas necessidades.
Agora vejamos a diferença entre elas para a saúde da empresa. Imagine uma empresa que teve este resultado financeiro:
Receita: 7.000
(-) Gastos: 6.500
Resultado: 500
Veja como é difícil imaginarmos uma forma de melhorar o resultado com tão poucas informações. Seria muito diferente se os gastos estivessem bem discriminados:
Receita: 7.000
(-) Custos: 2.000 (28,6%)
Resultado operacional: 5.000
(-) Despesas fixas: 4.500 (64,3%)
Resultado: 500
Há uma desproporção entre custos e despesas – estas últimas representam 64,3% da receita, mais que o dobro dos custos. Talvez nosso amigo arquiteto devesse procurar um imóvel mais barato, estudar modalidades de empresas que pagam menos tributos, ou se associar a outras pessoas na mesma situação para compartilhar espaços ou mesmo a empresa (um sócio).
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