A cidade romana antiga

A continuidade ocidental à cidade grega foi dada pela incrível expansão territorial e explosão de novos assentamentos humanos promovidos pelos romanos, principalmente nas áreas mediterrâneas. Este mar foi tão dominado pelo Império Romano que chegou a ser denominado mare nostrum (mar nosso).

A cidade romana também introduziu profundas influências culturais pela região, e não podemos nos furtar de lembrar que existe um profundo ideal religioso no desenho desses novos assentamentos urbanos, tanto na definição de seu perímetro quanto em seu traçado interno [1].

Cidade luso-romana de Ammaia. National Geographic Portugal

A cidade romana era, em sua origem, também uma instalação militar, definida por dois eixos principais com precisa orientação astronômica: o cardus (origem do termo cardeal), em alinhamento norte-sul, e o decumanus maximus no alinhamento leste-oeste. Ambos os eixos, posicionados centralmente ao assentamento, submetiam a cidade a uma ordem cósmica universal, posicionando-se em alinhamento ao nascer e pôr do sol.

Curiosamente, alguns milênios depois, Lucio Costa não apenas posicionou Brasília conforme estes alinhamentos astronômicos, mas também recorreu a alusões místicas ao descrever sua ideia para Brasília [1]. A cidade romana havia inaugurado uma integração entre religioso, sagrado, simbólico, de um lado, com a racionalidade técnico-construtiva e organização urbana de outro.

Além disso, também inaugura a regulamentação urbanística, a construção em altura (as insulae de seis pavimentos), o parcelamento fundiário de fácil divisão entre colonos, e a preparação de lugares públicos para multidões: o circus maximus para 400.000 pessoas, além de teatros, termas e mercados em escalas inéditas.

Com a queda do Império Romano, estes equipamentos de grande escala desaparecem até o século 19, quando ressurgem na forma de equipamentos para exposições universais, estádios olímpicos modernos e outros grandes equipamentos públicos da era industrial.

Enquanto as cidades gregas buscavam a integração entre arquitetura e natureza, os romanos deram maior atenção ao grandioso e monumental – não é de estranhar a admiração de alguns imperadores romanos pela grandiosidade da civilização egípcia precedente.

[1] LAMAS, José Maria Ressano Garcia. Morfologia urbana e desenho da cidade. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2000.

Leia também:

A cidade hipodâmica
A cidade romana antiga
A cidade medieval europeia
A cidade renascentista
A cidade oitocentista europeia
A cidade utópica
A cidade de Hausmann
A cidade de Cerdá
A cidade do entreguerras
A cidade de Camillo Sitte
A cidade de Raymond Unwin