Das novas funções urbanas (e humanas)

Talvez a pandemia de covid-19 tenha colocado em definitiva obsolescência a Carta de Atenas ao deslocar os eixos principais da discussão sobre as funções humanas da cidade. Isso ocorre principalmente por adentrarmos em um novo período histórico no qual a discussão das localizações deixa de ser uma questão primordial de desenho urbano e passa a ganhar relevâncias de outras naturezas.

Resultado do IV Congresso Internacional de Arquitetura Moderna realizado em 1933, a Carta de Atenas foi um manifesto conduzido por um Le Corbusier que ainda consolidava sua posição no cenário urbanístico mundial. Com sua visão racionalista característica, simplificou as funções urbanas em quatro categorias básicas: habitar, trabalhar, lazer e a circulação.

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Os estandartes do último adeus

person holding blue and silver vintage camera

 

Importantes revoluções costumam ser precedidas de curtos lapsos de saudosismos. Que o digam os revivalismos, a exemplo do neoclassicismo do final do século XIX. O ser humano, frente à mudança iminente que o jogará em algum cenário desconhecido, parece dar aquele “último adeus” a uma época que vai embora. Claro, pois frente às incertezas de um novo mundo que se prenuncia, o passado é sempre um porto seguro, um ambiente controlado, onde não há mais espaços para surpresas desagradáveis. Daí vem o incrível apelo comercial da nostalgia. É mais fácil vender a garantia de um futuro que já se concretizou. Continuar lendo Os estandartes do último adeus

O vírus vai, a marca fica

Certamente estaremos todos, num futuro próximo, respirando aliviados com uma solução para a atual crise. Os doentes serão curados e os saudáveis sairão de casa – mas isso não significa que tudo volta a ser como antes.

Testemunhamos hoje um evento de gravidade e proporção muito grandes para que seja ignorado pelo curso da história. Se o bater de asas de uma borboleta pode criar uma tempestade, algo como o novo coronavírus tem, sem dúvida, o poder de induzir mudanças globais neste pequeno planeta. Continuar lendo O vírus vai, a marca fica