Carta dos Cem Dias (CAU/BR): desafios mais importantes

O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) publicou um documento pelo fomento na administração municipal de inovações a partir da cultura do compartilhamento e da solidariedade. Também conhecido como “Carta dos Cem Dias – Por um Pacto pelo Direito à Cidade”, o documento foi dirigido aos prefeitos eleitos em 2016, em início de mandato.

Propondo uma aliança “pela qualidade e usufruto digno e democrático da cidade, baseado em instrumentos políticos de gestão pública transparentes e inclusivos”, o documento procura promover um desenvolvimento urbano e territorial sustentável (social, econômica e ambientalmente), como proposto na Nova Agenda Urbana definida na conferência HABITAT III das Nações Unidas realizada em 2016 em Quito, no Equador.

Partindo do IV Seminário de Política Urbana e Ambiental realizado pelo CAU/BR em Brasília nos dias 4 e 5 de abril de 2017, foram colocados os seguintes os desafios mais importantes no processo de gestão urbana do país (dos quais destacamos assuntos já abordados aqui): Continuar lendo Carta dos Cem Dias (CAU/BR): desafios mais importantes

O projeto de uma casa

Por que saber onde fica o norte?

Sabendo a orientação do terreno (onde está o norte), podemos prever a trajetória aparente do sol (insolação) e os ventos predominantes. A insolação orienta o projeto quanto ao posicionamento dos ambientes. No hemisfério sul (que corresponde a quase todas as cidades brasileiras), a face norte recebe mais sol no inverno e menos (ou nenhum sol, dependendo da latitude) no verão. A face leste recebe insolação bastante horizontal pela manhã e nenhuma à tarde. A face oeste recebe a insolação horizontal da tarde e anoitecer.

Para cada região do país, a melhor orientação dos ambientes depende de seu clima, topografia e elementos naturais (visuais, corpos d`água, etc.). Por exemplo, do trópico de Capricórnio para baixo (regiões sudeste, sul e Mato Grosso do Sul), a face norte é valorizada por ser fresca no verão e aquecida pelo sol no inverno. Mais ao norte, receber mais sol nunca será uma opção desejada, mesmo no inverno.

A face sul, que recebe algum sol no inverno na região sudeste e Mato Grosso do Sul, não é desejada para qualquer ambiente de estar prolongado. Por isso nós, arquitetos, preferimos colocar na face sul da residência banheiros, áreas de serviço, depósitos, circulação, escadas, etc. O mesmo se aplica à face oeste em cidades quentes. A diferença é que a face sul tende a ter menor temperatura média. Quando a casa tem uma cave, o ideal é que fique em seu centro geométrico (local mais fresco). Mas se tiver que ficar na periferia do edifício, o ideal é que seja na face sul.

As faces mais nobres (em geral variando de norte a leste, dependendo da região do país) recebem os ambientes de permanência prolongada (salas, dormitórios, escritórios, etc.). Nossa cultura é de permanência prolongada na cozinha. Esta área nos é cara e nobre, não importa o que se diga em livros estrangeiros.

Por onde começar?

Uma de minhas primeiras professoras de projeto dizia que temos que considerar três aspectos básicos: o que Continuar lendo O projeto de uma casa

Como construir em terrenos acidentados

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por Ricardo Trevisan, arquiteto

Os terrenos acidentados são críticos para a implantação, exigem maior cuidado e investimento. Quase sempre existe solução, o problema é o quanto você pode gastar.

A estratégia mais inteligente é utilizar o menor número possível de apoios, pois o custo elevado é de cada fundação, e não do sistema estrutural como um todo. Por isso nós arquitetos preferimos modelos estruturais suspensos e com poucos blocos de apoio.

A arquitetura pode ter uma complexidade espacial de forma independente do terreno e se aproveitar da vista oferecida pela inclinação do terreno. A dificuldade de execução da obra pode ser recompensada por um resultado final que valoriza seu patrimônio. O design e a arquitetura agregam valores intangíveis ao imóvel que podem elevar significativamente seu valor de mercado e aumentar a liquidez de revenda.

 

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Casa Hélio Olga, com um mínimo de apoios no solo. Projeto arquitetônico de Marcos Acayaba

 

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O segredo são os poucos pontos de apoio. Projeto arquitetônico de Marcos Acayaba.

 

A movimentação de terra em situações assim é sempre complexa. Além disso, alterar a morfologia natural do terreno tira a capa vegetal da superfície que é justamente o que o estabiliza. Quando isso acontece, passam a ser necessários muros e paredes de contenção, elementos que aumentam muito o custo da obra. Procure sempre manter o perfil do terreno o mais natural possível – mas isso depende de estudos técnicos, porque alguns terrenos exigem intervenção para estabilização.

 

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Villa Amanzi, acomodações em Phuket, Tailândia. Projeto arquitetônico de Adrian McCarroll, Waiman Cheung, Jamie Jamieson

 

E qual terreno vale a pena? Como saber se o custo será muito elevado? E como saber se as condições técnicas de construção são viáveis? Não há como fazer mágica: será necessário fazer, no mínimo, uma sondagem. Às vezes também precisaremos de um teste de cisalhamento do solo, ou do parecer e orientação técnica de um especialista.

Sugiro que, antes de comprar o terreno, seja feita uma vistoria com um arquiteto. Será mais barato que ficar com um problemão, e esclarecerá as possibilidades de execução da obra.

Leia também: Como escolher um terreno para construir