A história da Times [tipografia]

Times, Stanley Morison, 1932
Times, Stanley Morison, 1932

Aquilo que chamamos de “tipo” no mundo ocidental, ou seja, o desenho das letras que usamos numa palavra ou texto (como estas que você lê agora) tem uma origem romana. Asiáticos e outros povos têm isso muito claro por não usarem corriqueiramente essa família de caracteres: eles se referem ao “alfabeto romano” quando precisam utilizar essa família de caracteres tão naturais e familiares a nós.

Os romanos, obcecados pelos ideais gregos de beleza e equilíbrio racionais, concluíram (em especial no período do Imperador Trajano, 98-117) pelo desenho de uma família específica de caracteres, inspirada nos ideais canônicos gregos – assim como o fizeram em tantas outras áreas humanas. A família de caracteres do alfabeto grego, como sabemos, é diferente da família tipográfica romana. Ainda assim, o Imperador Trajano fez questão de demonstrar essa inspiração do classicismo grego em sua Coluna erigida com 30 metros de altura, cuja base apresenta inscrições numa família tipográfica (talvez a primeira formal romana), cujo desenho de caracteres evidencia cada extremidade de haste (o que chamamos de serifa). Esse elemento tem duas funções principais: Continuar lendo A história da Times [tipografia]

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A cidade do Novo Urbanismo

As propostas alternativas à urbanística moderna operacional se tornam mais sólidas e viáveis a partir da década de 1960. A partir de textos teóricos e experiências práticas, são resgatadas riquezas que a variedade, a mistura, a complexidade e a aproximação de diferenças proporcionavam às cidades tradicionais.

As novas propostas urbanas recusam a cidade moderna com a mesma veemência com que esta recusara a cidade tradicional no início do século. Os males do racionalismo radical são listados e escancarados em praça pública. A monotonia, a pobreza formal, desperdício de espaço urbano e de paisagem, além dos ambientes depressivos são denúncias recorrentes nas mais variadas artes – de Laranja Mecânica (1962) na literatura a Brazil, o filme (1985) no cinema, passando por infinitos outros exemplos aqui omitidos.

O urbanismo passa então a olhar novamente para o passado e para a cidade tradicional, resgatando as “qualidades espaciais e de potencial de vida humana, como na crítica de Jane Jacobs, que parecia repropor o modelo das antigas aldeias italianas” [1, p.385].

Siedlung Hallen
Siedlung Hallen

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A cidade operacional do pós-guerra

A Segunda Guerra foi devastadora para as cidades europeias. O déficit habitacional era estratosférico no armistício, o que provocada grandes êxodos humanos – conhecemos essa realidade do outro lado deste caminho, pois o Brasil foi o destino de muitos desses refugiados.

Receosos dos rumos vindouros em decorrência desse cenário, os norte-americanos injetaram grandes volumes financeiros na reconstrução as cidades por meio do Plano Marshall. Se as experiências do início do século haviam trazido espanto pela grandiosidade e velocidade da urbanização moderna, o pós-guerra traria sentido exponencial ao assombro dos europeus.

Dresden ao final da Segunda Guerra
Dresden ao final da Segunda Guerra

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A cidade alemã de Ernst May

A Alemanha resultante da Primeira Guerra Mundial era um país em frangalhos econômicos, uma situação que só viria a ser revertida após os anos vinte. Porém, uma série de elementos a colocaram também num contexto que permitiu muitas experimentações arquitetônicas, urbanísticas e com especial destaque para as iniciativas habitacionais.

As "siedlungen" alemãs: Roemerstadt (1927) e Westhausen (1930)
As “siedlungen” alemãs: Roemerstadt (1927) e Westhausen (1930)

De fato, aquele país produziu no período unidades habitacionais em uma escala tão grande que só seria vista em muitos outros países após a Segunda Guerra Mundial. E não era apenas um feito quantitativo, uma vez que o governo alemão conjugava essa produção com o teste de novas teorias para os programas habitacionais. Os exemplos de Berlim e Frankfurt traziam à realidade diversos ideais modernistas: controle urbanístico, industrialização e racionalização da construção, produção de habitação social, entre outros. Continuar lendo A cidade alemã de Ernst May

A cidade austríaca dos Hoffs

A experiência alemã de Ernst May em Frankfurt foi acompanhada, quase que concomitantemente, por similares na Áustria, com seus chamados hoffs. Este era o nome atribuído aos conjuntos habitacionais do Estado social-democrata austríaco da década de 1920, construídos inclusive nas áreas de expansão de Viena (sim, inclui o ring criticado por Camillo Sitte).

O "Karl Marx Hoff", em imagem de 2020
O “Karl Marx Hoff”, em imagem de 2020

Cada hoff era dimensionado com o objetivo de estabelecer uma unidade de vizinhança que permitisse a vida comunitária e justificasse o estabelecimento de equipamentos comunitários básicos. Continuar lendo A cidade austríaca dos Hoffs