Transportando valores no tempo

É possível definir uma taxa de juros (i) para calcular o valor de uma dívida, portanto é possível também transportar um valor no tempo com a mesma taxa. Saberemos dizer quando o valor de hoje significa no futuro e vice-versa. O valor de determinado montante no dia de hoje é chamado de valor presente (VP). Quando um determinado valor é considerado em tempo futuro, é chamado de valor futuro (VF). Em regime de juros compostos os valores podem ser transportados no tempo pela fórmula:

            VF = VP ( 1 + i ) n

Essa equação é básica para a vida toda, para qualquer pessoa. Para comparar opções financeiras, de qualquer natureza, traga todos os valores para o mesmo tempo e depois faça a comparação. Compro à vista ou parcelado? Compro agora ou espero? Quito a dívida agora? Troco de carro? Mudo de aplicação? Faço previdência privada? Para tudo que envolva finanças e tempo, use a fórmula. O difícil não é fazer a conta (qualquer planilha eletrônica faz), e sim saber qual é a melhor taxa a ser utilizada. Discutiremos esse assunto daqui a alguns dias.

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O valor do dinheiro ao longo do tempo: taxas de juros

O passar do tempo tem o poder de mudar o valor da moeda. Se você não acredita nisso, empreste dez mil reais hoje para serem devolvidos (os mesmos dez mil reais) daqui a um ano. Sabemos que isso não é justo. O que ocorre é que estamos acostumados a usar a moeda como o meio de troca por mercadorias. Mas e quando a mercadoria é a própria moeda?

Quando um imóvel é cedido ao uso de outro mediante a promessa de devolução e uma contrapartida financeira, chamamos esta de aluguel. Quando moeda é cedida ao uso de outros com as mesmas exigências, essa contrapartida financeira é chamada de juros e a perte emprestada a ser devolvida é chamada de principal. Existem inúmeras formas dessa operação ser realizada, com inúmeros métodos de definição da taxa a ser utilizada para o cálculo dos juros. Continuar lendo O valor do dinheiro ao longo do tempo: taxas de juros

Marketing para arquitetos 8: diferenciação

Seu cliente não percebe seu escritório da mesma forma que percebe os escritórios concorrentes. E a percepção humana é seletiva, observará prioritariamente aspectos nos quais esteja interessada. Se você pensa em trocar de carro, observará melhor os carros nas ruas. E se um modelo específico está em estudo, será identificado com maior facilidade, porque o subconsciente também se prepara para a busca (daí o motivo de se ter impressão que há um número muito maior de veículos daquele modelo nas ruas). Continuar lendo Marketing para arquitetos 8: diferenciação

Marketing para arquitetos 3: o que define o mix de marketing?

O profissional de marketing define ações desejáveis para a empresa sempre em mais de uma frente – o esforço isolado não perdura. O conjunto dessas frentes é chamado de composto (ou mix) de marketing. A composição mínima desse conjunto é a dos chamados quatro “P”s: produto, preço, promoção e praça:

  • Ações sobre o produto: a definição das características importantes para um determinado mercado, os atributos essenciais para a percepção dos benefícios de maior valor ao cliente alvo. Quais atributos do projeto de arquitetura são mais valorizados pelo seu mercado? Mais do que isso: que tipo de produto devo oferecer e qual tipo não devo oferecer ao mercado?
  • Ações sobre preços: em que faixa de preços devo trabalhar para transmitir uma mensagem adequada ao mercado alvo? Se o preço for muito baixo, a mensagem é de corte de custos, qualidade limitada, necessidade imediata de capital, agressividade comercial. Se o preço for muito alto, o potencial cliente pode ver a transação como irracional, pode sentir que não faz parte do mercado daquela empresa, ver injustiça no negócio, ambição de seus gestores, e assim por diante. E também vai comparar preços com seu concorrente e colocar sua marca em uma determinada posição em relação a outras empresas, marcas e conceitos abstratos. O chamado “posicionamento” ocorre na mente do consumidor, e apenas lá.
  • Ações sobre promoção: são as movimentações ativas da empresa no sentido de se apresentar ao mercado e associar a marca a conceitos abstratos na mente do consumidor, como adjetivos, por exemplo. A propaganda é uma ação de promoção, tenta associar sabonete a carinho, seguros a proteção, serviços financeiros a decisões inteligentes, etc. A forma mais popular é a inserção comercial de TV, mas participar de uma determinada festa ou almoço para divulgar seu escritório de arquitetura também é uma ação de promoção. Quando um veículo qualquer, como uma revista, fala sobre sua empresa sem seu controle sobre o que está sendo dito, é chamada publicidade.
  • Ações de acesso ao consumidor: canais, ou a praça. Como o mercado me encontra? Como me solicitar? Como me aproximo e entrego o produto ao mercado? A prestação de serviços cria sérias limitações aos canais, principalmente quando a entrega exige o contato pessoal com alguém com poder de decisão na empresa, caso comum na arquitetura. Há apenas duas opções para este problema: a) limitar o crescimento vegetativo da empresa e apostar em entrega de valor, diferenciação e posicionamento premium da marca, ou b) delegar poder a colaboradores treinados e estabelecer uma padronização mínima de condutas com diretrizes claras e permanentemente reforçadas, o que permitiria o crescimento vegetativo sem necessariamente abrir mão de um posicionamento mais interessante da marca em busca de melhor markup. O que é um melhor markup? É um retorno acima do esperado para as empresas de arquitetura, considerando os custos de oportunidade e riscos envolvidos. Continuar lendo Marketing para arquitetos 3: o que define o mix de marketing?

Entrevista concedida à revista aU (n.231, jun/13)

Deixo aqui a íntegra da entrevista que concedi à jornalista Juliana Nakamura, da revista aU (Pini) para matéria sobre planejamento financeiro do escritório de arquitetura. Saiu neste mês (junho/2013), páginas 76-77.

Parabenizo e agradeço à Juliana por respeitar e ser fiel a minhas colocações. Boa sorte em sua carreira.

1) Qual é a importância do planejamento financeiro para um escritório de arquitetura?

Planejar, não apenas financeiramente, é condicionante para a sobrevivência do negócio. Planejar não é desenhar como será, e sim avaliar cenários possíveis e estar, dentro do possível, preparado para cada um deles. Mesmo o menor dos escritórios precisa disso. Aliás, estes são os que mais precisam, pois são os mais impactados pelos cenários hostis. Um planejamento financeiro básico levaria muitos arquitetos a repensar muita coisa em seus escritórios. Alguns provavelmente se veriam obrigados a escolher entre promover revoluções ou fechar as portas.

 

2) Quais são os maiores desafios e dificuldades na hora de elaborar o planejamento financeiro de seus escritórios?

Infelizmente nós arquitetos não somos treinados para planejar. O currículo de graduação inclui planejamento urbano, mas entrega 95% de urbanismo e 5% de planejamento aos alunos. Matemática e Estatística, ferramentas básicas de planejamento, são pouco (ou nada) aprofundadas, e outras muito importantes, como análise multivariada, simulação, modelos de redes, matemática financeira, análise de sensibilidade, pesquisa operacional soam como grego. Instituições consagradas da área de gerenciamento de projetos, como o PMBOK, são desconhecidas. O resultado é que não fazemos planejamento estratégico, nem financeiro, nem de marketing, nem de pessoas de nossos escritórios. Muitos não fazem nem o planejamento operacional. As dificuldades estouram no dia a dia, por exemplo na hora de fechar propostas: qual a remuneração mínima a ser exigida? Qual é meu custo de oportunidade? Há lucro econômico nesse mercado? Há mercados mais interessantes? As dúvidas do despreparo avançam sobre a vida pessoal. Vários colegas já me pediram ajuda para escolher entre pagar à vista ou parcelar uma compra. Continuar lendo Entrevista concedida à revista aU (n.231, jun/13)