Escritório de arquitetura e engenharia não se paga em horas [GA]

Escritório de arquitetura

Um dos maiores avanços na gestão de empresas de serviços do campo da Arquitetura, Engenharia, Construção e Operação do ativo construído (AECO) veio entre as décadas de 1980 e 1990, quando se popularizaram alguns conceitos-chave, como custos diretos variáveis e as despesas indiretas fixas. Com a adoção destes conceitos de controle contábil da prestação dos serviços, chegou também também o conceito de medição de custeio por horas trabalhadas dos profissionais envolvidos (os chamados “homens-hora”). E tivemos sucesso na democratização ampla desses conceitos entre os colegas.

Este avanço foi fundamental para importantes avanços na precificação e controle de custos e despesas dos escritórios. Mas também trouxe algumas armadilhas que se replicam muitas vezes sem o questionamento crítico adequado. Uma das mais perigosas é a utilização do método de quantificação de horas trabalhadas pelos profissionais como referência única e irrestrita de precificação dos serviços prestados em arquitetura e engenharia. O principal problema advém da prática de não observar a realidade do escritório como um todo na construção de preços – problema este que se torna crítico em escritórios em que existam custos fixos significativos. E fica ainda pior em escritórios de pequeno porte.
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Tamanho do mercado de arquitetura e planos de negócios [GA]

Caso alguém tenha parado de acompanhar as linhas de contorno de nosso mercado há alguns anos, trago aqui algumas conclusões importantes que podemos extrair nos anuários do CAU publicados nos anos recentes. Em 2012, existiam mais de 105 mil arquitetos no Brasil. De lá para cá, esse mercado tem crescido a taxas constantes de aproximadamente 8% ao ano. Essa taxa de crescimento é relativamente elevada, suficiente para dobrar uma população em apenas nove anos. O resultado foi que, em 2018, já éramos mais de 166 mil arquitetos, em apenas seis anos passamos de uma relação aproximada de um arquiteto para cada 1.905 habitantes para outra de um profissional para cada grupo de 1.266 brasileiros.

Ao mesmo tempo, a prévia do Censo de 2022 já mostra que a população brasileira está crescendo a uma taxa de 0,7% ao ano. Um cálculo simples feito a partir dessas informações revela que a quantidade de arquitetos cresce 1.142,8% mais rápido que a população do país. Continuar lendo Tamanho do mercado de arquitetura e planos de negócios [GA]

Curvas financeiras típicas em planos de negócios

Alguns leitores têm me questionado sobre a curva financeira típica de planos de negócios, fazendo referência ao desenho tradicional “raiz quadrada” e indicadores de avaliação de qualidade dos projetos, como tempo de retorno do investimento (payback), taxa de retorno, ROI, variância / riscos de resultados, etc.

Sobre isso, senti a necessidade de esclarecer que nem sempre a curva financeira do plano de negócios é essa, isso depende muito da natureza do investimento. Essa é a motivação deste post, no qual trago quatro exemplos de curvas financeiras para demonstrar essa variabilidade: Continuar lendo Curvas financeiras típicas em planos de negócios

O que é OKR

OKR (Objectives and Key Results) é uma metodologia (framework) de otimização de planos de negócios organizacionais originada na Intel, amplamente desenvolvida pelo Google (atual Alphabet) e atualmente amplamente utilizada por grandes organizações em todo o mundo. Em outras palavras, OKR é uma metodologia de pensamento crítico e disciplina contínua.

A metodologia OKR é utilizada em vários níveis internos da organização, podendo haver diversos OKR por níveis, desde que estejam em harmonia com os objetivos organizacionais de alto nível (OKR estratégico). Assim sendo, pode haver OKR de uma equipe, área, unidade de negócios, e assim por diante. Continuar lendo O que é OKR

Das atividades técnicas nos negócios da arquitetura [e]

Agora que já tratamos da diversidade de atuação em segmentos de mercado (veja aqui), o passo seguinte – e essencial – é falarmos das atividades técnicas desempenhadas pelos arquitetos e urbanistas nos escritórios [1]. Isso porque esses dados mostram de forma muito mais explícita a concentração de atividades técnicas em alguns poucos segmentos. Em outras palavras, nós arquitetos estamos nos debatendo em alguns nichos de mercado, o que tende a baixar os preços praticados e precarizar nossas condições de trabalho. Esses são os oceanos vermelhos.

Enquanto isso, outros nichos de mercado são ocupados por pouquíssimos arquitetos, que provavelmente fortalecem sua marca naqueles segmentos, trabalham com maior estabilidade de demanda e provavelmente podem praticar preços com markup positivo – ou seja, com retornos superiores ao seu custo de oportunidade financeiro. Isso não é pouco: grande parte dos escritórios de arquitetura estão hoje trabalhando com retornos negativos em relação ao seu custo de oportunidade, porque tomam por base apenas o retorno contábil ou o fluxo de caixa. Esses são os oceanos azuis.

Destaco aqui também que, até este ponto, eu só falei das atividades regulamentadas, ou seja, que a lei reconhece como sendo de atribuição do profissional de arquitetura e urbanismo (ainda que não seja exclusiva). Porém, nos dias atuais impera a inovação e novos negócios, principalmente aqueles que se fortalecem com as plataformas digitais. Apesar de já termos encontrado alguns escritórios (e outras empresas lideradas por arquitetos que não se intitulam como “escritórios de arquitetura”) tirando partido dessas possibilidades, a grande maioria parece não se mobilizar quanto ao modelo de negócios, insistindo em mecanismos ultrapassados de criação e entrega de valor ao cliente. Estas últimas também parecem ser as que mais sofrem para obter a remuneração mínima para sua viabilidade econômico-financeira. Continuar lendo Das atividades técnicas nos negócios da arquitetura [e]