O que é voçoroca e suas causas

O fenômeno da voçoroca (ou boçoroca) é um processo de erosão acelerada do solo que ocorre em áreas de encostas íngremes, especialmente em regiões de solo exposto e vulnerável. A retirada da capa vegetal natural do terreno pode provocar diversos problemas ambientais, e a voçoroca é apenas um deles. Esse processo é caracterizado pela formação de sulcos profundos e largos no solo, resultando em grandes ravinas que podem ter vários metros de profundidade. Quando ocorre próximo à cidade, pode oferecer graves riscos à segurança das pessoas e à integridade da infraestrutura construída.

Suas causas estão frequentemente ligadas a fatores naturais, como chuvas intensas e desmatamento, que removem a vegetação que protege o solo e aumentam a taxa de erosão. No entanto, atividades humanas, como agricultura inadequada, desmatamento excessivo, construção irregular e práticas de pastoreio intensivo, também desempenham um papel significativo no surgimento desse fenômeno. Continuar lendo O que é voçoroca e suas causas

Os limites da inovação em PPP

Detalhe da intervenção de Haussmann em Paris

Os contratos administrativos de parceria público-privada (PPP) conferem um potencial imenso de inovação para as cidades. Mais que permitir inovações tecnológicas, esses contratos customizáveis, medidos por desempenho na prestação de serviços e com riscos bem delimitados permitem às prefeituras, estados e União a criação de novos arranjos e pacotes de incentivos ao parceiro privado. Isso abre um gigantesco leque de oportunidades para que soluções de serviços públicos desejadas por todos há muito tempo possam sair do papel.

Por outro lado, todo esse potencial só se concretizará se todas as partes envolvidas na estruturação do projeto de concessão estiverem conscientes de suas potencialidades. Nenhuma inovação real ocorrerá se poder concedente, estruturadores, consultorias técnicas e instituições de fomento não encararem o desenho da concessão como algo diferente de uma construção convencional de ativos indiferenciados do que se já produz de outras formas. Continuar lendo Os limites da inovação em PPP

A cidade hipodâmica

Hoje começaremos aqui nossa série sobre Desenho Urbano, uma série de textos nos quais vou falar sobre cidades e suas origens em publicações curtas e objetivas.

Há inúmeras formas de iniciar essa narrativa, que pode variar cronológica e geograficamente. Adotarei, inicialmente, a linha narrativa europeia por ser a linha de influência cultural que recebemos com muita intensidade, para depois retornar a outras referências culturais e fazer esse contraponto (espero que crítico o suficiente, como deveria ser). As origens culturais europeias ocidentais exigem que façamos ao menos alguma menção à Grécia clássica. E, de fato, é de lá uma das referências seminais mais importantes à morfologia urbana ocidental: a cidade hipodâmica.

O traçado urbano regular e ortogonal costuma ser designado por “hipodâmico” em referência a Hipoddamus de Mileto (498 a.C. – 408 a.C.), considerado criador do planejamento urbano em quadrículas e responsável pelo projeto de diversas áreas de cidades gregas da época clássica. Na verdade, não existe nenhuma prova de que a quadrícula urbana tenha realmente sido criada por ele.

Um dos exemplos mais emblemáticos de sua obra, o porto de Pirineu (Atenas) foi desenvolvido em quadras de aproximadamente 2.400m2 para pequenos grupos de casas de dois pavimentos. O projeto pode ser considerado avançado para sua época: as fachadas estavam orientadas para sul (melhor insolação no hemisfério norte), e sua infraestrutura urbana de abastecimento e escoamento hidráulico foram dimensionadas a partir de equações polinomiais. Continuar lendo A cidade hipodâmica

Logradouros brasileiros e portugueses

O termo “logradouro” adquire sentidos distintos no Brasil e em Portugal. O logradouro brasileiro se refere a vias e espaços públicos, em geral usados como referencial de endereço: ruas, avenidas, rodovias, quadras, largos, travessas, etc. Continuar lendo Logradouros brasileiros e portugueses

Loteamentos fechados e condomínios horizontais nas concessões de iluminação pública

Uma situação que costuma gerar dúvidas e controvérsias na estruturação de projetos de concessões de iluminação pública é a de vias, loteamentos e condomínios horizontais com controle de acesso. Faria sentido incluir os pontos internos a essas áreas no contrato de parceria público-privada? A resposta a esta questão depende da correta caracterização dos logradouros em análise.

Existem três situações morfológicas de conjuntos horizontais de residências unifamiliares lato sensu denominadas “condomínios fechados”, mas nem todas se enquadram juridicamente como condomínios. As situações mais comuns são: Continuar lendo Loteamentos fechados e condomínios horizontais nas concessões de iluminação pública