As empresas comerciais de revenda de mercadorias constroem seus resultados, grosso modo, na diferença entre o custo de aquisição e o preço de venda. Os bancos são empresas peculiares, que trabalham com o dinheiro como mercadoria, sendo seu custo (e preço) melhor expressado por taxas. A diferença entre o custo (taxa) de captação e a taxa de recolocação do recurso financeiro no mercado é chamado spread, uma diferença entre taxas.
O custo de captação de recursos pelos bancos é materializada pelas taxas de remuneração do capital dos correntistas: são as remunerações de poupança, fundos, certificados, títulos, etc. Portanto, possuem alta correlação com a taxa de juros pagas pelos títulos públicos, fixadas pelo Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) do Tesouro Nacional. Isso acontece porque os bancos transferem em tempo real recursos entre si para suas próprias contas no Banco Central, no chamado mercado interbancário. Os Depósitos Interbancários (DI) possuem taxa correlacionada a seu custo de oportunidade, ou seja, a taxa dos títulos públicos (Taxa Selic).
Ontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu esta taxa para a meta de 13% ao ano.
Isto significa que o custo de captação bancária se reduziu. Alguns bancos imediatamente anunciaram redução de taxas de crédito (equivalente ao “preço” ao consumidor). O recado que mandam é de manutenção de suas margens, transferindo a vantagem para seus correntistas. É um comportamento típico de banco público por diversos motivos, entre eles o político.
Entretanto, alguns bancos podem não reduzir as taxas a seus correntistas, ou reduzi-las em menor proporção. Isto significaria ampliação das margens da instituição financeira, repassando este custo à sociedade. Fique atento e busque sempre as melhores taxas.