Vários empreendedores utilizam a remuneração de poupança como parâmetro de custo de oportunidade, o que demonstra grande desconhecimento até conceitual sobre o tema. Custo de oportunidade é o que o investidor deixa de ganhar em outra opção por ter escolhido uma linha de investimento determinada. Exemplo: se eu compro um carrinho de cachorro quente, deixo de comprar um carrinho de pipoca, este é meu custo de oportunidade. Repare que são investimentos parecidos e com níveis de risco e liquidez semelhantes. Portanto, um investimento imobiliário, por exemplo, jamais teria a remuneração de poupança como custo de oportunidade, porque não possui nível de risco, nem de liquidez, semelhantes.
O risco, para as finanças, é variância. Ou seja, é o quão imprevisível será.
Quanto mais varia, mais arriscado. Se não varia nada, você tem alto grau de certeza para apostar o comportamento de amanhã. O investimento imobilário é um dos que mais variam. O grau de descolamento entre a variância de uma ação com uma proxy referencial, como o Ibovespa, é chamado beta. Quanto maior o beta, mais risco. O beta de empresas de fornecimento básico de pouca variância de produção, como as concessionárias de serviços públicos possuem betas muito baixos em condições normais de mercado. Já os betas das incorporadoras imobiliárias são os mais altos, porque apresentam maior nível de risco. Já a poupança, varia muito pouco, não é verdade? Então como pode a poupança ser custo de oportunidade do mercado imobiliário? Além disso, a liquidez da poupança é mensal. A liquidez do investimento imobiliário é, na melhor das hipóteses de vários meses.
O custo de oportunidade também não deve ser confundido com Taxa Mínima de Atratividade – TMA. Este último é o quanto o investidor quer receber, quanto ele exige de retorno para determinado nível de risco. Você prefere investir no Tesouro Nacional ou na pastelaria de seu cunhado? Se o nível de risco percebido do custo de oportunidade for inferior ao do investimento, este último tem que possibilitar um retorno maior, concorda? A TMA tem que ser melhor ou igual ao custo de oportunidade, senão o investidor racional não se mexe. A não ser que o investidor seja um filantropo, ou esteja investindo por “amor à causa” (acredite, eles existem).
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Ótimo artigo. Demonstra de maneira pratica as diferenças entre TMA e CDO.
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