Apresentarei agora uma situação absurda – e real, infelizmente. Trata-se de um erro grosseiro de matemática de ensino primário. O absurdo é que muitos escritórios de arquitetura cometem exatamente este erro, de forma sistemática, a toda proposta comercial que emitem. Presenciei inúmeras vezes isso ocorrer em diversos escritórios em que trabalhei, até desenvolvi este exemplo abaixo para explicar a diversos “arquitetos-empresários” que a conta está errada. E, acredite, é difícil convencer um arquiteto com argumentos matemáticos. Talvez se eu usasse conceitos metafísicos seria mais fácil…
Suponha a seguinte situação hipotética: um arquiteto desavisado estima que determinado projeto lhe custará R$1.000. Além disso, foi informado que além dos custos, é essencial adicionar uma margem para continuar trabalhando e reinvestir no escritório (na empresa). Ele define uma margem de 5%. Sabe também que há uma incidência de 15% de tributos sobre o preço. Assim, calcula o preço mínimo do projeto:
Custo do projeto R$ 1.000
Margem (5%) R$ 50
Preço antes dos tributos R$ 1.050
Tributos (15% x R$ 1.050) R$ 157,50
Preço do projeto R$ 1.207,50
Está tudo errado, mas muita gente faz este raciocínio, mesmo sendo incorreto. Fazem com mais números e com uma conta mais comprida numa planilha eletrônica bonitinha (nisso somos bons), mas fazem exatamente esse raciocínio equivocado. Vejamos o que aconteceu com o pobre arquiteto do exemplo, considerando que o cliente aceitou o preço, com centavos e tudo. Calculemos a tributação:
Tributos = 1.207,50 x 15% = 181,13
Sobrou então para o arquiteto:
Valor pago pelo cliente R$ 1.207,50
(-) Tributos R$ 181,13
Sobra ao arquiteto R$ 1.026,37 (!)
O que aconteceu? Devia ter sobrado R$ 1.050 pela conta do novato… A margem caiu para 2,6% porque o pobre arquiteto (agora mais pobre ainda) não aprendeu matemática direito. O erro pode parecer pequeno, mas o exemplo é para um projetinho que custa R$ 1.000. Imagine com um projeto que custe R$ 1 milhão. O erro seria de mais de R$ 23 mil reais!
Aí vai o cálculo correto (em destaque onde normalmente se erra):
Continuar lendo Administração para arquitetos 6: a conta errada dos escritórios de arquitetura