Uma das mecas da arquitetura, Chicago é destino obrigatório nos EUA. Além da arquitetura, oferece boa cerveja e comida, ótimo blues e incrível coleção de arte. Recomendo começar a visita pelo Chicago Architecture Foundation (South Michigan Ave. x East Jackson Boulevard, bem em frente ao Art Institute of Chicago). A fundação tem uma maqueta volumétrica da cidade no piso térreo e voluntários para contar sua história a qualquer interessado. Diga ao voluntário que você é arquiteto(a), e ganhará a versão premium da explanação. Nada muito aprofundado, mas vai esclarecer muita coisa, além de algumas boas dicas. Ah! Existe também ali dentro uma loja da Lego Architecture.
Saindo do prédio do Architecture Foundation, você está de frente para o Millenium Park. Esse imenso aterro foi feito com o entulho do grande incêndio de 1871. Agora que você já viu a maquete, tem uma noção da cidade, a qual segue o padrão norte americano de concentrar a verticalização em regiões centrais (no caso de Chicago, no Loop). A partir do Millenium Park é possível ter um primeiro visual desse skyline de gabaritos altos concentrados no centro.
O Millenium Park tem interessantes elementos em escala urbana, como a Crow Fountain e o Bean. Não deixe de visitar o Art Institute of Chicago, a coleção de arte vale muito a pena.
Depois, sugiro adentrar ao Loop pela Randolph Street, para passar debaixo do elevado ferroviário (“L”, para os nativos) para chegar à altura do 25 East, onde está o prédio da Marshall Field & Company, a primeira loja de departamentos a utilizar escadas rolantes no mundo. Atualmente o prédio é ocupado pela loja da Macy’s (State Street).
Antes de olhar Chicago do alto, faça o percurso de barco pelo contorno fluvial do Loop (pelo Chicago River). Esse passeio é o Architectural Sightseeing, as embarcações saem a partir do Navy Pier, próximo ao Millenium Park. O passeio tem um guia no barco que apresenta de forma simples e direta os principais ícones da Escola de Chicago ao vivo e a partir da água – é uma experiência muito interessante, principalmente por ver tantos não-arquitetos juntos curtindo arquitetura. Ao retornar ao Navy Pier, suba na roda gigante para começar a ver a cidade do alto. A posição da roda, numa península artificial, dá um panorama único da cidade a partir do Lago Michigan.
Depois da roda gigante, suba a pontos mais altos, começando pelo 360 Chicago (Hancock Center), na altura do 875 North da Michigan Avenue. O visual aqui será mais surpreendente, principalmente da relação da cidade com a água e os subúrbios verdes. Descendo de volta ao nível da rua, estará ao lado do Water Tower, patrimônio cultural da cidade. Não deixe de entrar na estação de bombeamento (pumping station), preservada da voracidade do desenvolvimento imobiliário a duras penas pela população local.
Deste ponto, a uma quadra está o Museum of Contemporary Art de Chicago.
Voltando ao centro pela Michigan Avenue, você passará pelo trecho mais badalado das lojas de grife, Magnificente Mile, ou simplesmente Mag Mile. Sim, tem uma loja da Apple ali.
Um pouco ao norte, ao longo da Lake Shore Drive, está o sofisticado bairro de Gold Coast. Vale a pena caminhar por ali e seguir até Old Town mais ao norte.
Voltando ao Loop, é obrigatório visitar o pavimento mais alto do edifício que foi o mais alto do mundo entre 1973 e 1998, quando foi ultrapassado pelas Torres Gêmeas Petronas, em Kuala Lumpur, Malásia. Estamos falando da Willis Tower, antigamente conhecida como Sears Gower (233 S. Wacker Drive). No piso do último andar, a 412,70 metros do nível da rua, está o Skydeck, um piso de vidro em balanço para testar sua vertigem.
Chicago é também onde Frank Lloyd Wright iniciou sua carreira, e há inúmeros obras suas muito bem conservados pelos subúrbios. Recomendo a aquisição do livro The Architecture of Frank Lloyd Wright – a complete catalog, de William Allin Storrer, publicado pela The University of Chicago Press. O livro possui todos os exemplares projetados pelo arquiteto e construídos (inclusive os já demolidos), e em seu trecho final tem mapas com a localização detalhada de todos eles, no mundo todo (!).
Comece pelos obrigatórios. Sugiro visitar o máximo possível dos imóveis mantidos pelo Frank Lloyd Wright Trust. Se não for possível visitar todas as obras do Trust, julgo essenciais e imperdíveis as seguintes:
Home and Studio (951 Chicago Ave. – Oak Park, IL). É possível ir de metrô (linha verde) e caminhar por uns 15 minutos por um lindo subúrbio verde cheio de esquilos.
Neste imóvel, Wright viveu com sua família e teve seu escritório antes do período de Taliesin. A casa tem curiosidades como o estilo da pradaria (prairie), fachada principal independente dos mandamentos europeus, um cômodo para as crianças com janelas baixas e uma excêntrica solução para um piano de cauda sobre a escada, entre outras coisas. A solução espacial da sala de reuniões do estúdio é magistral, assim como a estrutura na sala de desenho. Não deixe de ver. A visita é guiada por voluntários e traz informações interessantes. Dica: com o City Pass de Chicago há descontos na livraria.
Outra obra que não deve faltar em seu roteiro é a Robie House (South Woodlawn Ave. x E 58th Street). O imóvel está imerso na University of Chicago, ao sul da cidade. É possível ir de metrô (linha vermelha) e ônibus (55).
Esta obra é um ícone americano, e está muito bem conservada pelo Trust. Qualquer livro de história da arquitetura moderna certamente a inclui. Assim como no Home and Studio, a visita é guiada por voluntários, e certamente você vai se lembrar das aulas da faculdade. O vanguardismo do projeto e do estilo de vida dos Robie merece destaque. Dica: veja os livros da livraria instalada na antiga garagem da casa.
Antes de ir
Antes de sair de casa, compre os ingressos do Frank Lloyd Wright Trust, pode não haver vagas na hora.
Também é interessante rever o capítulo da Escola de Chicago em seu livro de história da faculdade. Muitos ícones da época ainda estão por lá.
Chicago é conhecida como Windy City. E o vento costuma ser frio e úmido, então escolha bem o casaco.
Assim que chegar
É possível ir ao Loop de metrô a partir do aeroporto O’Hare. Compre o bilhete Vent e use o metrô, é o melhor meio de transporte.
Hospedagem
Prefira ficar em hotel próximo à Mag Mile (Michigan Ave. Norte, entre o Loop e a Water Tower).
Blues
Chicago é também uma das mecas musicais, em especial do blues. Há inúmeras casas de shows onde se encontra mitos a poucos metros de sua mesa. Recomendo a Buddy Guy’s Legends (sim ele é o proprietário), 700 S Wabash Avenue. Oferece também cerveja própria nos famosos taps. Há boa comida também, para acompanhar, e uma invejável coleção de guitarras nas paredes.
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