Bogotá costuma ser uma boa surpresa para os brasileiros em geral. Para arquitetos, a surpresa costuma ser maior ainda. O encantamento da Colômbia tem atraído um número cada vez maior de brasileiros, e boa parte vai para ficar. Os colombianos costumam ser muito amistosos e simpáticos com os brasileiros.
A história do povo colombiano é milenar, e com um invejável passado de povos pré-colombianos extremamente desenvolvidos. Conhecer um pouco desse passado é obrigatório (e emocionante) para quem vai a Bogotá. Hoje a cidade é aproximadamente 70% executada em tijolos de barro aparentes, o que lhe dá um charme especial por sua localização ao pé da montanha.
Sugiro que o passeio comece pelo centro histórico, uma paisagem linda de igrejas e construções coloniais devidamente preservadas.
O povo colombiano valoriza muito o patrimônio histórico, você verá muitas placas de obras de restauro com um invejável grau de detalhamento à frente de muitos edifícios desta região da cidade. Aqui, algumas visitas são obrigatórias:
- Museo del Oro Não deixe de ver o museu até o final, e na ordem sugerida (comece no térreo e vá subindo). Após ver a barca Muisca, símbolo nacional, não perca a sala circular que vem logo a seguir, é uma experiência espetacular para quem viu o acervo até ali. Vale a pena almoçar no restaurante do museu, tem boa comida e preços bem razoáveis. O edifício do Museo del Oro é de German Samper, importante arquiteto colombiano que também fez o projeto para a Praça Santander, de frente para o museu, e para o edifício Santander, um dos mais altos da cidade que está também na praça.
- Museo Botero A coleção de arte de Botero está neste edifício e surpreende pela qualidade das obras. O edifício é patrimônio histórico muito bem preservado.
- Centro Cultural Gabriel García Márquez Edifício de Rogelio Salmona, grande arquiteto colombiano que deixou aqui muitas de suas principais características. A livraria é excelente, o espelho d’água em frente é particularmente lindo quando chove.
Laguna de Guatavita
Mais distante de Bogotá está a impressionante Laguna de Guatavita, conhecida como uma das três lagoas sagradas dos povos indígenas que habitaram a região. Recomendo visitar o Museo del Oro antes de vir até aqui para entender o significado dela e os rituais que aqui eram realizados pelos xamãs. Durante esses rituais muíscas, o cacique tinha o corpo adornado com ouro em pó soprado, era levado ao centro da lagoa e oferecia peças de ouro aos deuses atirando-as na água. Vários povos indígenas de uma extensa região vinham até a lagoa para esse cerimonial e participavam ao redor dela toda. Quando os espanhóis conheceram isto ficaram fascinados e ambiciosos pelo ouro do fundo da lagoa. Por isso, o local ficou conhecido como El Dorado, e deu origem à lenda.
Uma das coisas que mais impressiona na lagoa é a localização, a 3.000m de altitude, no topo da montanha, o que gera a curiosidade de como permanece cheia de água (e motivo pelo qual era considerada sagrada). Os espanhóis tentaram esvaziá-la dinamitando uma lateral, o que baixou o nível d’água e expondo muitas peças de ouro para o saque, mas nunca conseguiram esvaziar totalmente porque é alimentada por um fluxo ascendente de seu fundo de uma forma que até hoje não é plenamente compreendida.
Catedral de Sal de Zipaquirá
Um dos maiores orgulhos dos colombianos é uma imensa catedral escavada numa mina de sal em Zipaquirá, localidade próxima a Bogotá. Na verdade, perto da dimensão da mina (uma das maiores do mundo), a catedral é bem pequena. Apesar de não ter grande interesse arquitetônico, a exuberância da formação natural de texturas e da condição geológica da mina são muito interessantes.
Gastronomia
Retornando de Zipaquirá a Bogotá, pare no restaurante Andrés Carne de Res (imperdível). Sugiro que peça Lomo al trapo. O ambiente é muito interessante, e a comida espetacular. As carnes colombianas costumam ser espetaculares.
Chía, Colombia, Calle 3 N°11ª-56.
Hamburguer de alta qualidade você encontra no El Corral, há uma unidade dentro do Centro Cultural Gabriel García Márquez. Recomendo também o famoso café Juan Valdez, no térreo (mas peça curto, porque os colombianos tomam café fraco).
O resturante do Museo del Oro é muito bom, vale a pena almoçar lá para não sair do museu antes de ver todo o acervo.
Há muitos restaurantes mexicanos pela cidade, em especial pelo Centro Histórico, vários muito recomendados.
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