O que é Gestão Arquitetônica

Mohammed Al-Harbi, Stephen Emmit e Peter Deminan definem, num dos trabalhos mais recentes sobre o assunto, a Gestão Arquitetônica (GA) como:

Gerenciamento estratégico da empresa de arquitetura que assegura a efetiva integração entre a gestão dos aspectos de negócios do escritório com seus projetos individuais, de forma a projetar e entregar o melhor valor a todas as partes interessadas.

O conceito não nasceu ontem. O termo gestão arquitetônica (architectural management) surgiu em 1964, como ação de fomento aos arquitetos no sentido de apreciarem e gerirem o lado empresarial da profissão. Desde então, apenas oito tentativas foram feitas de explicitamente definir o termo, cada uma delas propondo uma definição diferente como resultado da metodologia adotada. O resultado foi que diferentes pensamentos, escopos e funções incluídos sob o conceito de gestão arquitetônica.

Desde 1964, muitas mudanças no ambiente do arquiteto exigem a revisão e atualização da definição à luz de:

  • Mudanças na indústria da construção civil, por exemplo, a mudança nos papéis;
  • Avanços tecnológicos, como o BIM (buiding information modelling), os quais podem redesenhar o caráter dos papéis e conceitos pré-definidos;
  • Necessidade de considerar diferentes interpretações do termo forma dos limites onde foi feita a pesquisa (grupo de arquitetos profissionais atuantes e pesquisadores do Reino Unido).

Após uma ampla revisão bibliográfica, os três autores citados no início identificaram os seguintes marcos históricos nas tentativas de definição do termo:

1964 – Brunton, Hellard e Bubyer separam dois componentes da gestão arquitetônica: a gestão do escritório e a gestão dos projetos;

1993 – Boissevain e Prins identificam dois contextos para a gestão arquitetônica: interno (escritório) e externo (projetos);

1993 – Bax e Trum classificam os níveis ou domínios da gestão arquitetônica entre urbano, edificação e detalhamento da edificação;

1993 – Banks entende a gestão arquitetônica como uma aproximação filosófica;

1995 – Freling coloca que a gestão arquitetônica consiste em uma aproximação de revisão e um conjunto de ferramentas;

1995 – Nicholson define a gestão arquitetônica como disciplina acadêmica e profissional;

1995 – Nicholson, em outro trabalho, amplia o conceito de gestão arquitetônica, incluindo todas as áreas de conhecimento externas às relativas ao projeto;

1996 – Akin e Eberhard dão uma tonalidade mais madura à gestão arquitetônica, colocando-a como funções gerenciais combinadas;

1999 – Stephen Emmit reforça o aspecto estratégico da gestão arquitetônica ao incluir competitividade, tratar os ambientes de escritório e de projetos de forma separada, e cultura organizacional.

Baseado no resultado de diversas etapas de testes, constatou-se que a gestão arquitetônica é associada à administração estratégica do escritório de arquitetura e de seus projetos individuais; e que é responsável por projetos de valor e por sua entrega ao cliente e a diversos tipos de partes interessadas.

Apesar das críticas feitas quanto às falhas de cursos superiores em não incluir a gestão arquitetônica em suas estruturas curriculares, algumas tentativas bem sucedidas foram reportadas no Reino Unido e nos Países Baixos. Foram encontrados também alguns programas que pretendem incluir a gestão arquitetônica em suas estruturas (nenhuma da América do Sul). Estes programas apresentam alguns módulos que ajudam a compreender o que é a gestão arquitetônica, vejamos alguns deles:

  • análise e gestão de negócios
  • teorias e princípios de gestão
  • desenvolvimento de habilidades interpessoais
  • comunicação e trabalho em equipe
  • fundamentos de economia e finanças
  • estratégias de marketing
  • princípios e gestão de organizações
  • gestão de infraestrutura
  • contabilidade para gerentes
  • análise quantitativa (pesquisa operacional, por exemplo)
  • comportamento organizacional
  • economia gerencial
  • gestão de produção e de operações
  • gerenciamento de obras
  • legislação e ética para arquitetos
  • gestão do escritório
  • análise do cliente e do usuário
  • análise de mercado e de precedentes
  • gerenciamento de projetos
  • gestão arquitetônica e profissionalismo
  • saúde e segurança laboral
  • planejamento para arquitetos
  • contratos de construção e aquisições
  • escopo de arquitetura
  • mudanças no escritório
  • legislação e ética
  • cultura organizacional
  • planejamento estratégico
  • negociação
  • equipes de projeto e liderança
  • gestão de pessoas

Continuaremos a abordar esses assuntos por aqui. Acompanhe fazendo uma assinatura do blog (forneça seu email no canto superior direito).

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