Existe um problema recorrente em telhados de edifícios residenciais. Eu o vejo todos os dias, nos mais variados empreendimentos. Ele nasce no projeto de arquitetura, quando é definido o desenho básico das águas do telhado. Pela natureza do projeto do andar tipo, o perímetro do edifício costuma ser recortado, com balanços e reentrâncias.
Até aqui, nenhum problema. Ele surge apenas quando, por questões culturais, reminiscências dos telhados de casas em duas ou quatro águas, o projeto de arquitetura tenta reproduzir este modelo na cobertura do edifício, jogando as águas para a periferia recortada. Por consequência, a calha também fica toda recortada, cheia de curvas a 90 graus. Seja ela em metal ou na alvenaria impermeabilizada, o risco de falha de estanqueidade nessas curvas é elevado. E essas curvas estão, pela natureza da planta tipo convencional, sobre os dormitórios. Outro problema criado pelo próprio projeto é a passagem dos tubos de queda, que acabam se utilizando dos shafts de banheiros para conduzir as águas de chuvas. Isso reduz o espaço útil para a tubulação de coleta das próprias unidades e dificulta uma eventual manutenção.
Problema colocado, agora vou dar uma sugestão para resolvê-lo: inverta as águas dos telhados e jogue a água da chuva para uma calha no centro do edifício. Sim, é isso mesmo. Talvez a idéia te assuste num primeiro momento, mas com um projeto bem feito, tubulação adequadamente dimensionada e manutenção mínima, esta é certamente a solução mais inteligente. A periferia fica com as cumeeiras, que se resolvem com simples rufos de proteção e têm menos problemas com recortes. A calha central é reta, o que reduz riscos. E a os tubos de queda podem se utilizar de shafts em corredores e áreas comuns, facilitando eventuais manutenções. Repare que, mesmo que haja um problema com a calha, a infiltração ocorrerá em áreas comuns, menos traumáticas e em locais de fácil acesso para manutenção.