Aparentemente, nossa economia vai bem. A inflação está sob controle há 18 anos. Há ascensão social na base da pirâmide. O desemprego está num dos níveis mais baixos de nossa história. O Brasil é mercado atraente para empresas estrangeiras e internacionaliza suas próprias empresas. Tudo vai bem. Aparentemente.
Mas na vida real, o brasileiro já percebeu que seu salário maior também foi acompanhado de elevação de preços, principalmente em setores de competitividade geograficamente limitada, como algumas modalidades de prestação de serviços. E que não para por aí, vendo índices oficiais de inflação (como o IPCA) insistentemente acima da meta colocada pelo próprio governo.
Percebeu que os estrangeiros que investem aqui (a) fogem de mercados em colapso, como o europeu, e (b) já não investem tanto no Brasil quanto no México e no Chile (citando apenas nossos concorrentes mais próximos).
Os empregados novos, que antes estavam na categoria dos sem emprego já viram que nosso mercado de trabalho é arcaico e hipócrita: arcaico porque nossa legislação trabalhista da idade da pedra não permite os esquemas de trabalho mais flexíveis e modernos, deixando a maioria sem carteira assinada e obrigada a assumir empregos informais e sem garantias. Por excesso de direitos previstos na lei, ficamos sem nenhum no mundo real. E hipócrita porque os índices oficiais, reconhecidos pelo governo federal, incluem estas pessoas como empregadas.
Talvez um observador mais sagaz já tenha sacado também que nossas empresas se internacionalizam fugindo da alta carga tributária nacional, sem falar dos gargalos oferecidos por nossa precária infra-estrutura e por nossa baixíssima produtividade e deficiências no sistema educacional.
É. Nossa economia não vai tão bem assim…
Notícia relacionada ao tema: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1179319-com-dilma-industria-brasileira-fica-na-lanterna-entre-26-paises-emergentes.shtml