Modelagem econômico-financeira: análise de sensibilidade

Qualquer estudo econômico-financeiro (EVEF, MEF, Avaliação, valuation) é impreciso por definição. Não é – e nunca será – uma ciência exata, porque está baseada em pressupostos de comportamentos futuros para uma série de variáveis diferentes. Isso nos leva a questionar, de forma justificada, a validade de suas conclusões como subsídio à tomada de decisão. Qualquer flutuação nos dados de entrada, principalmente nas variáveis mais sensíveis, pode alterar tais conclusões.

Análise de sensibilidade - gráfico

Uma forma de mitigar esse tipo de risco é a seleção de cenários alternativos aos pressupostos principais, baseados em flutuações possíveis e plausíveis, para os quais simulamos resultados diferentes para séries alternativas de dados de entrada. Ou seja, observamos o quanto o modelo de negócios é sensível (ou robusto) às flutuações possíveis. Esse tipo de estudo, com origem no campo de estudo da Pesquisa Operacional, recebe o nome de Análise de Sensibilidade. Continuar lendo Modelagem econômico-financeira: análise de sensibilidade

Modelagem econômico-financeira: agência reguladora

A partir da aprovação da Lei Geral de Concessões (Lei Federal 8.987/1995), se estabeleceram de forma clara as regras para concessões de serviços públicos no Brasil. Estas concessões, na qual a remuneração do prestador do serviço (concessionária) é remunerado diretamente pelos usuários por meio de tarifas, é também conhecida como concessão comum ou concessão simples.

A concessão comum, ao contrário do que ocorre em outros países, não foi enquadrada por nossa legislação como parceria público-privada (PPP) por não haver desembolso público de contraprestações pecuniárias. Na concessão comum, a receita de tarifas é suficiente para cobrir o custeio do serviço prestado. Continuar lendo Modelagem econômico-financeira: agência reguladora

Modelagem econômico-financeira: cálculo do WACC

Continuando nossa série de textos sobre este assunto, hoje faremos um exemplo de cálculo da taxa de desconto a ser aplicada ao fluxo de caixa. Não vamos aqui repetir os conceitos anteriormente apresentados de CAPM, WACC e de como o custo de capital se aplica à taxa de desconto em modelagens de PPP. A ideia deste texto é que seja mais prático e que fique clara sua interpretação.

Para nosso exemplo, vamos considerar o método mais utilizado nas modelagens de concessões e parcerias no Brasil: a obtenção de dados puros de referência dos Estados Unidos (veja os motivos no texto “A questão da origem“), e posterior “importação” para uso no Brasil por meio de acréscimo de indicador do risco-país. Vejamos cada um de seus componentes: Continuar lendo Modelagem econômico-financeira: cálculo do WACC

Modelagem econômico-financeira: capital de giro

MEF: Capital de Giro

Até agora, modelamos as finanças de uma concessão hipotética considerando o fluxo perfeito de casamentos entre receitas e desembolsos, até o último centavo, nas datas certas, de forma que a concessionária não precisasse ter qualquer folga financeira de caixa em momento algum. Obviamente isso é irreal.

Para corrigir isso, deixando a modelagem mais próxima à realidade, adicionamos a este fluxo uma necessidade de capital de giro líquido (NCG). Este montante é uma disponibilização periódica de liquidez ao caixa, que em tese não será consumido no longo prazo. Fará efeito no fluxo de caixa, uma vez que esse recurso poderá estar imobilizado nesses descasamentos financeiros nos momentos que passamos de um período para o seguinte. Perfeito, pois esta é a exata função do capital de giro. Continuar lendo Modelagem econômico-financeira: capital de giro

Modelagem econômico-financeira: investimento diferido

Continuando a nossa série de textos sobre modelagem econômico-financeira de PPP, suponhamos agora que a prefeitura (poder concedente) não tenha capacidade financeira para arcar com a contraprestação pecuniária que está sendo apontada pelos estudos. Existem diversas saídas para esse tipo de problema, sendo um deles o investimento diferido no tempo. Esta solução consiste em adiar algum investimento mais para a frente, se for possível. Nem toda concessão permite essa manobra.

Futuro

O resultado do investimento diferido tem efeito exponencialmente crescente de forma proporcional ao período de adiamento. Pelo efeito de juros compostos, quanto mais para a frente ficar o investimento, menos será percebido. Ou seja, maior será a redução financeira do encargo público. Continuar lendo Modelagem econômico-financeira: investimento diferido