A Cozinha de Frankfurt

Olhar, nos dias de hoje, para este projeto pode levar a alguns equívocos. Um deles seria enxergar ali uma solução banal e corriqueira, algo que se sana facilmente com a simples observação de sua data (1926). Naquela época, o entendimento de cozinha ainda estava carregado de conceitos muito antigos, alguns deles medievais, e remetia a ambientes muito amplos, demandantes de intensiva mão de obra.

Outro erro seria vê-la como o modelo de cozinha atualmente replicado à exaustão em apartamentos-commodity brasileiros pela produção das incorporadoras imobiliárias. Nada mais equivocado: o desenho lógico da Cozinha de Frankfurt tem poucos pontos em comum com as atuais produções disfuncionais e insuficientes desses inúmeros imóveis, além, talvez, de sua proporção de planta levemente parecida (enviesando um pouco o olhar nesse sentido). Continuar lendo A Cozinha de Frankfurt

A cidade alemã de Ernst May

A Alemanha resultante da Primeira Guerra Mundial era um país em frangalhos econômicos, uma situação que só viria a ser revertida após os anos vinte. Porém, uma série de elementos a colocaram também num contexto que permitiu muitas experimentações arquitetônicas, urbanísticas e com especial destaque para as iniciativas habitacionais.

As "siedlungen" alemãs: Roemerstadt (1927) e Westhausen (1930)
As “siedlungen” alemãs: Roemerstadt (1927) e Westhausen (1930)

De fato, aquele país produziu no período unidades habitacionais em uma escala tão grande que só seria vista em muitos outros países após a Segunda Guerra Mundial. E não era apenas um feito quantitativo, uma vez que o governo alemão conjugava essa produção com o teste de novas teorias para os programas habitacionais. Os exemplos de Berlim e Frankfurt traziam à realidade diversos ideais modernistas: controle urbanístico, industrialização e racionalização da construção, produção de habitação social, entre outros. Continuar lendo A cidade alemã de Ernst May