O mercado financeiro é onde se intermediam instrumentos financeiros, mas existem duas espécies para este gênero:
- Mercado monetário, onde se negociam instrumentos monetários: letras de câmbio e commercial papers, por exemplo. É, em geral, o mercado de curto prazo.
- Mercado de capitais, de maior prazo, trata da intermediação de títulos (bonds), debêntures (títulos de dívidas de empresas privadas), ações, etc.
O mercado financeiro surge com os excedentes das famílias, em geral monetários. No ciclo da renda na economia, as famílias recebem salários, aluguéis e lucros, por exemplo. E utilizam esse recurso para suas necessidades e desejos: alimentação, moradia, saúde, estudos, transporte. Após esses desembolsos, o que sobra (se sobrar, é claro) é a poupança das famílias (savings). Esta, quando levada ao mercado financeiro, pode gerar um adicional à renda citada acima, através de recebimento de juros e ganhos de capital.
Este mercado, como qualquer outro, tem de um lado alguém que deseja alguma coisa, e, de outro, alguém que tem essa mesma coisa disponível para a troca. Quando ambos chegam a um consenso, há uma dupla coincidência de vontades, e a transação é realizada. Quando essa coisa a ser transacionada é um instrumento financeiro, o ofertante é o poupador, quem tem o recurso disponível. O demandante é chamado de investidor, porque os economistas consideram investimento a aplicação destes recursos na criação de riquezas para o país (contribuição para o PIB futuro). A aplicação financeira troca a moeda de mãos, mas não produz, por si só, produto nacional.
No caso do mercado financeiro, há a possibilidade (muito forte, por sinal) de haver um intermediário entre o poupador (ofertante) e o investidor (demandante). Esses intermediários, em geral, são os bancos. A vantagem do intermediário é a possibilidade de aglutinação de várias poupanças, formando um bolo maior para dar acesso a investimentos que o poupador individual não alcançaria. Esta é a lógica dos Fundos de Investimento Imobiliário (FII), por exemplo. O intermediário arca com os riscos do empréstimo, e cobra uma taxa por isso. Esses produtos chegam a nós, pessoas físicas, na forma de poupança, fundos, CDB, etc. Quando há o intermediário, o aplicador enfrenta dois riscos: o do investimento propriamente dito (final) e do intermediário. Este último pode ser parcialmente mitigado pelo Fundo Garantidor de Créditos – FGC, mas apenas até um certo montante.
Há também a possibilidade do poupador emprestar diretamente ao investidor. É o caso das debêntures e do Tesouro Direto, por exemplo. A vantagem desse formato é não ter que pagar as taxas do intermediário, e ficar com a rentabilidade integral da aplicação. A desvantagem é não ter com quem dividir o risco do empréstimo.
As ações não entram nessas categorias porque são aquisição de propriedade. Apesar de renderem juros também (Juros sobre o Capital Próprio – JCP), sua essência está em outros tipos de ganhos: dividendos (distribuição de lucros aos acionistas) e ganho de capital (quando há venda com apropriação de valorização patrimonial).