Economia é um ramo do conhecimento classificado como ciência. O que classifica assim uma área de conhecimento é a presença de modelos que reproduzam a realidade com elevado grau de confiança, ou seja, que apresente modelos teóricos explicativos da natureza de alguma coisa. É assim com a matemática, a física, a química, a biologia,… e com as ciências econômicas, para usar o termo mais adequado.
O consenso em classificar as ciências econômicas como tal é mundialmente aceito, pois seus modelos explicam com propriedade o comportamento do ser humano ao gerir escassos recursos em qualquer ambiente, da África subsaariana à extinta União Soviética, passando pelos países nórdicos ou remotas ilhas do Pacífico.
Pois bem, uma das constatações mais aceitas na economia é a de que a estabilidade prolongada de uma economia traz crescimento. E temos um laboratório corroborando tal teoria a nossos pés: após a estabilização da economia (1994) seguiram-se longos anos de esforço em mantê-la sob controle até 2006. Seus responsáveis foram basicamente dois: Pedro Malan e Antonio Palocci. O par é às vezes chamado de “Malocci”. Durante esse período o Brasil se preparou para (e efetivamente conseguiu sob muitos aspectos) ser grande. De verdade. Ganhou agilidade, o PIB cresceu, o desemprego caiu, recebemos mais Investimento Estrangeiro Direto (IED), a renda aumentou, o brasileiro em geral melhorou de vida. E estávamos nos preparando para atingir um novo patamar.
Estávamos. Não estamos mais. Depois disso, retrocedemos. O aperto monetário virou afrouxamento monetário. Os esforços em buscar um Estado eficiente foram abandonados. A inflação acordou de sua sedação por pesadas doses de alta taxas de juros. A carga tributária só aumenta. Nosso produtividade continua ridícula. Tudo isso deixou nosso crescimento econômico conhecido por “pibinho”. A renda vai sendo corroída, e as tão aguardadas reformas não saem, mesmo tendo o atual governo a maioria do Congresso Nacional.
Os atuais gestores desse fracasso que vai se concretizando a cada dia me lembram cada dia mais uma analogia contada por um amigo: seu filho de sete anos, louco por um brinquedo, se apaixonou por uma nave espacial, especialmente pela ilustração da caixa. Ganhou o brinquedo e, ao abrir a caixa, descobriu que estava totalmente desmontada. Eram inúmeras pecinhas minúsculas, e não a esperada nave. Teria que aprender a montar antes de brincar.
Espero que eles aprendam rápido. Porque nesse voo que perde altitude estamos todos nós. Que saudade do Malocci…