Mendoza para arquitetos

Mendoza é um oásis no deserto, um paraíso verde de área urbanizada incrivelmente grande e com um mais incrível ainda parque urbano densamente arborizado, contra todas as probabilidades naturais da aridez local. Uma linda cidade construída com o esforço humano da irrigação constante por valetas profundas ramificadas por toda a cidade, seja junto ao meio fio, seja por ramificações internas a praças e parques (que não são poucos).

Mendoza

A cidade surgiu para a extração de petróleo e gás ao pé dos Andes, e a Igreja foi junto. Os primeiros padres (que em geral possuíam origens italianas) produziram seu próprio vinho para a missa, e logo perceberam que as condições locais favoreciam sua produção. Alguns franceses levaram, posteriormente, algumas espécies de videiras para testar a incipiente produção mendocina, inclusive uma que por ter um mau sabor na boca era conhecida na França por Malbec. A espécie se adaptou muito bem a Mendoza e é a origem dos melhores vinhos locais. Hoje são mais de 1.800 vinícolas produzindo vinhos premium para todo o mundo, o que deu a Mendoza a categoria de uma das nove grande capitais mundiais do vinho (as outras oito são San Francisco – Napa Valley, Porto, Mainz – Rheinhessen, Florença, Christchurch – South Island, Cidade do Cabo, Bordeaux e Bilbao – Rioja). A cidade de Mendoza tem pouco menos de 115.000 habitantes, mas está conurbada com outras, totalizando mais de 840.000 habitantes na mancha urbana.

Antes de ir, recomendo que faça com grande antecedência a reserva de hotel por agência de viagens para conseguir bons preços. Se puder, fique no Sheraton Mendoza que tem excelente vista da cidade, especialmente de seu restaurante no topo (mais ou menos 70 metros de altura). Durante muito tempo a cidade não permitiu a construção de edifícios altos, e isso dá hoje às torres grande vantagem de visualização de toda a mancha urbana.

Ruas do centro - Fotografia Emilene Miossi

Alguns passeios são obrigatórios, como visitar algumas vinícolas da região. Recomendo pessoalmente as seguintes vinícolas:

  • o almoço, compras e visita à produção em Ruca Malén (é necessário reservar antecipadamente http://bodegarucamalen.com/). Excelente visual do restaurante para os Andes, excelente menu degustação e harmonização.
  • Achaval Ferrer, uma vinícola mais jovem a arrojada, sabores inovadores, recomendo muito compras aqui.
  • Cavas Don Arturo, vinícola centenária de produção artesanal, vinhos muito premiados, mantida e operada até hoje pela família.
  • Pasrai, olivícola que produz azeites premium. As videiras são plantadas sempre com oliveiras ou roseiras em suas pontas para o controle de pragas. O resultado é que Mendoza também produz excelentes azeites, recomendo este.

Achaval FerrerRuca Malén

Outro passeio obrigatório a qualquer turista é subir os Andes até a divisa com o Chile a 4.000m de altitude, uma experiência visual espetacular. É possível avistar o Aconcágua, as cores dos Andes, locais históricos da guerra da independência argentina e uma ponte natural incrivelmente colorida (Ponte Inca). Mas atenção ao calendário, pois este passeio está disponível apenas 4 meses no ano (primavera e verão) em função da neve e do frio.

Pré-cordilheira

A cidade de Mendoza foi semidestruída por um terremoto em 1861 e reconstruída com novo planejamento de 1863. As construções de adobe sofreram muito com o sismo, e as ruas estreitas da tradição espanhola não deu muito espaço para o refúgio. Com estas preocupações, o novo desenho estabeleceu inúmeras praças abertas e uma grande área para a eventual necessidade de reconstruir novamente a cidade (que hoje é o Parque San Martín). As praças são atualmente muito irrigadas e com chafarizes para atenuar a aridez do ar desértico.

O parque é um dos maiores parques urbanos do mundo e inclui uma universidade e o estádio que recebeu jogos da Copa do Mundo de 1978. Sua arborização é incrível para o clima desértico de Mendoza, e conta com um lago e clube náutico.

Praça de Mendoza

A rede de irrigação da arborização urbana é um espetáculo à parte, com profundas valetas que distribuem a preciosa água por toda a cidade.

Recomendo muito:

  • o passeio pela Avenida San Martín (atenção ao pavimento único de bloco intertravado, tanto no leito carroçável quanto nos passeios)
  • Parque San Martín. Se estiver sem tempo, há um ônibus panorâmico que sai da Plaza Independencia e faz um rápido tour pelo parque, chamado La Batea.
  • visita ao Museu Fundacional, com ruínas das primeiras ocupações mendocinas e maquetes muito interessantes de períodos posteriores.
  • recomendo muito fortemente aos arquitetos uma visita ao Parque Central, um equipamento relativamente novo de excelente qualidade construído numa área popular da cidade um pouco ao norte do centro (é possível ir a pé).
  • uma visita ao Centro Cívico (governo da província) e seu parque em frente.

Parque Central

Maquete do Parque Central

E, para a sobremesa, recomendo comprar umas facturas na Die Oma (pastelería alemana) que fica na Calle Rodríguez a oeste da Belgrano.

Boa viagem!

Leia também: Montevideo para arquitetos  /  Bogotá para arquitetos   /   Machu Picchu: Intipunku

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4 comentários em “Mendoza para arquitetos”

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