
O despertar da consciência ambiental sobre os impactos e emissões do ambiente construído tende a se ampliar muito. Como consequência, ganha importância o conceito de Redução de Carbono Incorporado (REC) na arquitetura, conceito este essencial aos arquitetos interessados em projetos sustentáveis. É cada vez mais importante (e mais exigido) compreender todo o ciclo de vida dos projetos arquitetônicos e suas externalidades.
A economia linear (extrair-produzir-descartar) está sendo substituída pela economia circular, na qual se reduz (ou zera) desperdícios e os recursos são continuamente reutilizados e reinseridos no ciclo de geração de valor. Os critérios de avaliação deste objetivo (Critérios de Circularidade) são estruturados em três níveis, representando as etapas do ciclo de vida do ativo construído: material (preferência por sustentáveis e recicláveis), produto (design dos componentes e esquema de montagem que permita reutilização) e sistema (integração dos componentes em sistema circular e integração com o ambiente).
O setor de AECO é hoje responsável por mais de 30% de todas as emissões de carbono na atmosfera. É um participação extremamente alta. A sustentabilidade do setor depende da redução de emissões carbono operacionais e das emissões de carbono incorporado associadas à fabricação, transporte, construção e descarte de materiais de construção. Reduzir o carbono incorporado é condição para a sustentabilidade de todo o setor.
Carbono incorporado se refere às emissões de gases de efeito estufa geradas ao longo do ciclo de vida de um material de construção, desde a extração, passando pela fabricação, até seu descarte. E a construção civil é dependente de materiais intensivos em carbono, como aço e concreto. Por isso o carbono incorporado se tornou parte significativa da pegada de carbono de qualquer ativo construído. Mesmo em edifícios com emissões operacionais zero, eles ainda contribuem com significativas emissões de carbono para a atmosfera por conta do carbono incorporado de seus materiais. Edifícios verdadeiramente neutros em carbono só existirão com a equalização desse problema.
Grande parte do carbono incorporado resulta dos processos de:
- Fabricação com alto consumo de energia;
- Emissões significativas provenientes da extração de matérias-primas;
- Emissões decorrentes de sua conversão em produtos de construção;
- Transporte;
- Construção e montagem;
- Superdimensionamento e usos desnecessários de materiais;
- Demolição;
- Decomposição de material de construção em aterros sanitários.
Neste contexto, reduzir o carbono incorporado passa a ser também uma necessidade financeira. Regulamentações estão cada vez mais rigorosas, e escritórios de arquitetura que não se adaptam perdem mercado e correm riscos de penalidades regulatórias e de imagem. O movimento de redução de carbono incorporado diz respeito a impulsionar nossa indústria e à adaptação às necessidades arquitetônicas do atual contexto de negócios.
Saiba mais:
GA: Esta marca sinaliza texto sobre Gestão Arquitetônica.
(Baseado no ebook The Architect’s Guide to Reducing Embodied Carbon through Life Cycle Assessment – Strategies, Indicators and Circular Economy Impacts, Zigurat Institute of Technology)

