Aderir ou não ao BIM (Building Information Modeling) não é uma escolha disponível atualmente. Quem trabalha dentro do ecossistema BIM ganha tanto em eficiência que ficará impossível concorrer de fora dele daqui a pouco tempo. Não sou eu quem está dizendo isso, apenas tomo emprestadas as palavras do professor Rafael Sacks, do Israel Institute of Technology, um dos mais proeminentes nomes do assunto no mundo de hoje. Durante o BIM Fórum Conference Brasil 2024, o professor Sacks falou por mais de uma hora, e Inteligência Artificial operando o BIM, desenvolvendo um gêmeo digital (digital twin) e buscando as melhores soluções espaciais foi apenas a premissa inicial dessa fala. Qualquer alternativa fora desta realidade simplesmente não existia no mundo que o professor Sacks apresentou – mundo real de hoje, deixemos claro.
Este contexto está produzindo processos de baixo custo para assegurar qualidade de informação (foi apresentado o caso do projeto Hospital Odense, na Dinamarca). Para isso, os profissionais estão se preparando para diversos papéis neste enorme e complexo ecossistema, onde as funções tradicionais se somam a diversas outras de gestão e produção técnica em ambiente de colaboração digital. Para a interlocução universal, o professor Sacks reforçou a importância dos padrões neutros buildingSmart:
- IFC: Industry Fundation Classes, formato padrão do modelo
- BCF: padrão de comunicação durante o processo de desenvolvimento colaborativo, em especial no ambiente comum de dados (CDE)
- COBie: padrão que define um conjunto mínimo de informações sobre o ativo construído, incluindo seus equipamentos, capturado durante o processo de projeto (design) e de construção em todos os projetos de edificações.
Consideradas essas premissas, foram apresentadas as tendências para os próximos 6 anos (até 2030):
- Utilização cada vez mais intensa da Inteligência Artificial Generativa para explorar alternativas de projeto (design) e para rápida renderização realista;
- Verificação automatizada de conformidade com leis, regras e códigos de obras usando o modelo BIM será cada vez mais estudada;
- Fabricantes de material de construção vão prover o mercado cada vez mais com catálogos paramétricos 3D em BIM;
- Ferramentas BIM estão recebendo funcionalidades de gerenciamento da construção;
- O BIM está encorajando o uso de pré-fabricação para a montagem de edifícios cada vez mais complexos, e esses elementos podem ser produzidos globalmente.
As ferramentas de design generativo estão permitindo, entre muitas outras coisas, avaliar alternativas de projeto com o mesmo desempenho e custo muito mais baixo. Essa possibilidade interessa a todos, e tem sido utilizada pelo governo da Coreia do Sul em casos emblemáticos de obras públicas.
Em casos bem mais singelos, a IA oferece a possibilidade de gerar alternativas em questão de minutos. Isso é extremamente valioso para a interação com o cliente, em especial sabendo que são geradas renderizações hiper-realistas para cada alternativa estudada, e em tempos tão curtos que podem ser produzidas e apresentadas durante uma reunião, por exemplo.
Algoritmos genéticos estão conseguindo compreender características do modelo que tornam uma análise estruturam impossível por desalinhamento de nós, reconsiderando o modelo e viabilizando a análise, apresentando os resultados e fazendo as devidas ressalvas sem qualquer intervenção humana em todo este processo.
Gêmeos digitais (digital twins) estão sendo cada vez mais utilizados para operação e manutenção (O&M) de ativos. E mais: estão gerenciando e acionando medidas de manutenção simples, e posteriormente informando o controle humano.
E o processo se retroalimenta, porque as possibilidades trazidas pelo BIM estão impulsionando inovações tecnológicas na construção civil, em especial aquelas que requeiram produtos detalhados e informações do processo. Até então, várias dessas inovações eram inviáveis em função do trabalho humano que era exigido. Não mais. E essas inovações demandam mais do próprio BIM, fechando a espiral de aceleração.
Em resumo, o professor Sacks fechou sua visão para 2030 nos seguintes pontos principais, ressalvando que 6 anos no ambiente de tecnologia é uma vida toda, e muita coisa ainda pode mudar:
- Projeto e construção completamente digitalizados
- IA participando do processo de projeto
- Verificação legal e normativa automatizada
- Apoio à construção sustentável
- Construção off-site (falamos sobre isso aqui)
- Globalização
- IA e robótica na construção
- Construção de gêmeos digitais (digital twins)
- Informação semanticamente conectada
Saiba mais:


