Os melhores cinemas costumavam ter lobby e um bom café na saída, e vejo um bom motivo para isso: bons filmes provocam boas conversas depois, inclusive para discordar de aspectos do que acabamos de ver. Isso não significa que o filme foi ruim. Filme ruim não merece ser comentado.
Antifrágil é o tipo de livro que merece ser comentado, e também acho difícil concordar na íntegra. Ao meu entender, isso o coloca no grupo dos melhores livros que já li na vida, e deixo aqui a recomendação.
Diversos aspectos apresentados por Nassim Taleb têm construção lógica de difícil refutação. Não esperaria menos de um intelectual culto interessado em filosofia. O cerne deste grupo está no reconhecimento do importante papel da Natureza na seleção das melhores soluções no longo prazo e o desprezo pelas tentativas arrogantes do ser humano em tentar determinar o imprevisível futuro.
Antes que alguém associe isto ao darwinismo irresponsável ou ao taoismo de inação, aviso que o caminho escolhido por Taleb é outro. Lembre-se de que estamos tratando de um livro escrito por alguém que foi trader. A ideia proposta é de se preparar para o imponderável e se expor a possíveis ganhos. O mais comum é encontrar o exato oposto: analistas tentando adivinhar o futuro enquanto se expõem a perdas (nisso concordo muito com o autor).
Leitura fácil, mesmo nos termos técnicos acumulados no final. Ao leitor leigo, Taleb sinaliza esta divisão explicando que ignorar esse trecho não tem tanto impacto nos benefícios do livro. E não tem mesmo.