O que os invasores golpistas dos ataques de 8/1 estão percebendo (da pior forma) é que as instituições nacionais não se confundem com nenhum tipo de espaço físico – e nem com pessoas (temporariamente) investidas nos poderes Executivo, Legislativo ou Judiciário.
As lamentáveis imagens e vídeos que circularam pelo país na última semana mostram aquelas pessoas iludidas pelo fato de terem conseguido invadir edifícios repositórios da repartição dos poderes constitucionais do país, acreditando que estavam tomando as instituições em si.
O mais espantoso é ver esse desconhecimento beócio num país que teve mudança relativamente recente de sua sede: qualquer pessoa brasileira nascida até a década de 1940 vai se lembrar que, até 1960, esses edifícios estavam localizados na cidade do Rio de Janeiro. E representavam as mesmíssimas instituições que os invasores golpistas acreditavam estar tomando.
Longe de mim querer aqui minimizar os atos terroristas do dia 8 de janeiro de 2023. Assim como o poder republicano emana do povo, a crença de uma parte da população, ainda que minoritária, de que podem destruir o que o Brasil construiu a tão duras penas deve ser observada com atenção.
Todo e qualquer ato contra a Constituição – que é muito mais que esse livro nas mãos de Flávio Dino e Rosa Weber – deve ser punido exemplarmente, na forma da Lei. Porque a civilização só existe a partir de acordos coletivos, e nossa Carta Magna é um dos mais importantes, se não o maior, para o nosso povo. O ataque a símbolos nacionais é igualmente danoso, ainda que seja um ataque a representações. A invasão mostra a vontade de uma parcela (ainda que pequena) da população. Sendo as instituições abstrações, os ataques à representatividade simbólica é ainda pior e mais perigosa que invasões físicas e destruições materiais.
E nem comecei a falar do vandalismo, destruição e furto de bens culturais repositórios de valores nacionais imateriais de valor incalculável.
Blog do Trevisan 