O relatório Focus do Banco Central, que vinha apresentando a estabilização nas expectativas de inflação, voltou a apresentar nova tendência de alta nesta semana (vide tabela abaixo). Diversos motivos contribuíram para isso: o resultado das eleições no Brasil consolidou a tendência de rompimento do teto de gastos do governo, o que pode levar ao afrouxamento fiscal e monetário; a inflação norte-americana continua pressionando a maior economia do planeta; e a sua consequência óbvia, a elevação das taxas de juros nos Estados Unidos tendem a apreciar o dólar e pressionar os preços de produtos e serviços importados no Brasil.
Por consequência, a redução da taxa SELIC no Brasil vai ficando mais distante. Pelo contrário, é possível que haja ainda novas elevações de nossa taxa referencial. É de se esperar, com isso, que o custo de oportunidade elevado no Brasil adie investimentos e alongue o tão aguardado ciclo de recuperação econômica, e que o consumo de produtos de alto valor pelas famílias seja retraído até que o atual ciclo se complete.
O fato chama a atenção por interromper um ciclo claro de estabilização que vinha se desenhando. Pode ser apenas um pequeno soluço ou o início de um descolamento mais importante. O tempo dirá.