É necessário saber em que tipo de mercado estamos inseridos, sendo que estes variam entre mercados concentrados (com poucos jogadores) e não-concentrados. Estruturas de mercado é uma forma de descrevê-lo em termos de número de competidores e sua distribuição. Uma das medidas mais comuns para a estrutura de mercado é o coeficiente de concentração de N empresas (participação conjunta das N maiores empresas atuantes no mercado). Exemplo: um determinado mercado em que as quatro principais empresas tenham uma participação conjunta de 0,90 (90%). Para este cálculo, costuma-se utilizar a receita de vendas, mas também podem ser utilizados outras variáveis (como a capacidade de produção, por exemplo).
Outra medida muito utilizada para observar a concentração de mercado é o índice de Herfindahl-Hirschmann (ou índice HH) , igual à soma das participações de mercado elevadas ao quadrado de todas as empresas atuantes. Exemplo: num mercado com duas empresas, em que cada uma delas tenha 50% de participação de mercado, o índice de Herfindahl será igual a:
0,5^2 + 0,5^2 = 0,5
O inverso do índice HH fornece o número teórico de empresas de igual tamanho (igual participação de mercado) que geraria este mesmo índice. Esta propriedade é chamada equivalente numérico de empresas. Exemplo: um mercado com índice HH igual a 0,125 tem um equivalente numérico de 8 empresas (HH=1/N). A vantagem do índice de Herfindahl sobre a concentração de N empresas é que transmite mais informações sobre a concentração de mercado, pois varia de acordo com mudanças nos tamanhos das maiores empresas do mercado.
As estruturas de mercado variam entre os extremos da concorrência perfeita e do monopólio, da seguinte forma:
- A concorrência perfeita teórica é aquela com muitos fornecedores e um produto homogêneo, com uma grande quantidade de consumidores bem informados que podem buscar o melhor preço a um custo desprezível. Existe um único preço de mercado, onde o ofertante enfrenta uma demanda infinitamente elástica, restando apenas a decisão de quanto produzir e vender. É uma estrutura a ser evitada, pois significaria a total indiferenciação, com produto totalmente padronizado, e o nome do fornecedor seria indiferente (valor de marca igual a zero). Este tipo de produto é chamado de commodity. Nesta situação os preços serão reduzidos quando houver muitos fornecedores, quando os consumidores perceberem o produto como homogêneo, ou quando houver excesso de capacidade instalada naquele mercado
- O monopólio representa o outro extremo no continuum das estruturas de mercado, que é aquele que possui apenas um ofertante (não deve ser confundido com mercados com apenas um demandante, o chamado monopsônio). O monopólio também descreve estruturas de mercado com poucos ofertantes, em geral quando um deles tem proeminência sobre os demais. O monopolista costuma ter liberdade para aumentar seus preços (a não ser que seja regulado pelo governo, por exemplo), mas isso não significa que esteja livre de suas consequências, pois continua enfrentando a curva de demanda. Portanto, para a maior parte dos mercados, esta curva é descendente, o que significa que ao aumentar seus preços, o monopolista vende menos. Se uma empresa monopolista motivada pelos lucros puder aumentar preços sem perder clientes, ela o fará até que comece a perdê-los (de onde vem a motivação para a regulação governamental em monopólios naturais, aqueles mercados em que o monopólio é justamente a estrutura mais socialmente eficiente). Também é notável a constatação do economista Harold Demesetz, que em 1974 demonstrou que grandes lucros do monopólio não necessariamente significam prejuízos aos consumidores
- Quando um determinado mercado possui muitos fornecedores, onde cada um deles acredita que suas ações não afetarão materialmente outros competidores (por exemplo, quando provavelmente não reagiriam a um competidor que reduz seus preços), e cada competidor oferece um produto diferenciado, esta estrutura de mercado é chamada concorrência monopolística (conceito cunhado por Edward Chamberlin em 1933). Existe diferenciação entre dois produtos quando houver algum preço para cada um deles em que alguns consumidores preferirão um deles, e outros consumidores preferirão o segundo produto. Ou seja, os consumidores fazem a escolha considerando pelo menos uma variável adicional ao preço. A diferenciação pode ser vertical (quando um produto é claramente melhor ou pior que outro), ou horizontal (quando, a preços iguais, alguns consumidores o preferem a produtos concorrentes). A teoria da precificação ótima implica que, em mercados de produtos diferenciados, as empresas estabelecerão preços acima dos custos marginais
- Quando os principais competidores são poucos, cada fornecedor acredita que suas estratégias de formação de preços e de produção afetará os preços e a produção do setor como um todo. Um mercado em que isto efetivamente ocorre, é chamado de oligopólio. Existem vários modelos econômicos desenvolvidos para mercados oligopolistas, observando os possíveis comportamentos dos diversos competidores. Como estes são mutuamente observáveis, é a estrutura de mercado em que o Equilíbrio de Nash se mostra mais adequado para a análise. É também uma estrutura que os leva à tentação de formar cartéis e estabelecimento de conluios com o objetivo de comportamento monopolista do bloco.
Para se aprofundar neste assunto, recomendamos o livro A economia da estratégia, de Besanko, Dranove, Shanley e Shaeffer.