Segundo Josep María Montaner, toda crítica é a emissão de um julgamento, e se desenvolve em proximidade à teoria, à estética (forma como se apresenta) e à história. Muito mais que promover ou negar, ou que estabelecer obras melhores e piores, é muito mais completa, possui desafios metodológicos e contradições internas característicos das atividades com o mais amplo sentido cultural. Por exemplo, no caso da arquitetura, o julgamento se estabelece sobre a medida em que a obra alcançou (ou não) suas finalidades: funcionalidade distributiva e social, beleza e expressão de símbolos e significados, adequados usos de materiais e técnicas, relação com o contexto urbano, o sítio de implantação e ao meio ambiente.
Só existe crítica quando existe teoria, pois a partir dela se deduz os julgamentos que sustentam as interpretações. Ao mesmo tempo toda teoria também carrega em si a necessidade de ser posta à prova. Precisam ser exercitadas na crítica. Toda crítica é uma teoria colocada em prática – e testada. Daí vem o valor amplamente cultural da crítica. Também só existe crítica quando há visões contrapostas, diversidade de possibilidades, varidade nas possíveis interpretações, pluralismo. Portanto, a crítica só aparece com a negação do mundo unitário da tradição clássica.
O trabalho da crítica parte da dúvida e do questionamento, portanto precisa abraçar os erros e as mudanças. A crítica é diametralmente oposta às racionalizações da política tradicional e aos dogmatismos refratários aos erros e às inexoráveis transformações. Ao mesmo tempo, a crítica também precisa ser precisa e rigorosa quanto a dados e fatos concretos, em tudo o que é analiticamente mensurável. Os valores sobre os quais se estabelecem julgamentos estéticos são suscetíveis a mudanças e a interpretações contrárias, mas fatos e dados só se manifestam de uma única forma.
Por fim, o território da crítica é limitado ao espaço da democracia. Não existe crítica onde não há liberdade. Nenhum país conseguiu desenvolver alguma proposta relevante no campo da crítica sem um processo democrático consolidado e vital aos demais processos nacionais.
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