Existe muito conhecimento acumulado pelo campo do comportamento organizacional com imenso potencial de contribuir no desafio de gerir pessoas em qualquer tipo de organização. Tal conhecimento também tem a missão de melhorar objetivamente o ambiente organizacional de forma a proporcionar maior produtividade e qualidade com mais tranquilidade para gestores e equipes.
Mas ambiente organizacional não é um objeto fácil de se observar e medir, então o fazemos por meio de variáveis objetivas para isso. Algumas dessas variáveis são:
- Absenteísmo: o não-comprometimento da pessoa com o trabalho de forma ampla. Se reflete em elevação na ocorrência de ausências não-programadas, muitas saídas por motivos de saúde, redução de jornada não provocada pelo escritório, por exemplo. O impacto na produtividade da organização é imediato e direto, mas tais ocorrências também exercem impactos indiretos sobre os demais membros das equipes;
- Produtividade: definida como o atingimento dos objetivos do escritório ao menor custo possível. Normalmente é medida pela relação entre retorno ou produção e os recursos consumidos para tal, sempre tendo como linha de base o padrão de qualidade e conveniência exigido pelo cliente;
- Rotatividade: medida do quanto entram e saem pessoas do time do escritório. Muita rotatividade significa maiores custos com treinamentos internos e adaptação das novas pessoas aos padrões do escritório, além de se perder um conjunto de informações, conhecimentos e habilidades que vão embora junto com as pessoas que deixam o grupo. Nas última décadas, esse indicador tem mostrado crescimento da rotatividade em escritórios de arquitetura, principalmente por parte das gerações mais novas. Também tem sido comum observar que pessoas bem avaliadas pelos gestores e pares do escritório estejam se desligando a taxas crescentes;
- Cidadania organizacional: o quanto as pessoas do escritório se comportam como “bons cidadãos” em questões não diretamente ligadas às atividades laborais. O engajamento geral dos arquitetos em questões sociais, ambientais e culturais tende a reduzir esse tipo de preocupação em nosso campo, mas quando as pessoas não adotam nenhum comportamento positivo em relação ao próprio trabalho, por exemplo, criam contextos propícios ao surgimento de conflitos desnecessários, menor cuidado com o patrimônio da empresa, menor respeito a leis e regulamentos e menor tolerância a aborrecimentos e imposições relacionadas ao trabalho. Portanto, pode criar elevação nos riscos internos;
- Satisfação com o trabalho: é o conjunto de sentimentos que a pessoa tem em relação à sua ocupação laboral, muito mais uma atitude que um comportamento. Existe relação direta e positivamente correlacionada entre a satisfação com o trabalho e os fatores de desempenho individual dentro do escritório. Embora ainda haja questionamentos sobre a relação causal “satisfação gera produtividade”, não existe nenhuma dúvida sobre a influência da satisfação sobre a saúde do trabalhador.
Essas variáveis são chamadas de dependentes, normalmente são as observações de interesse dos gestores do escritório, as quais precisam ser geridas a partir de elementos desconhecidos a serem investigados. Esses últimos (variáveis a investigar) são as variáveis independentes do comportamento organizacional, e se dividem em três grandes grupos:
- Nível do indivíduo: experiências prévias, idade, sexo, estado civil, características de personalidade, estrutura emocional, valores e atitudes, níveis de capacitação, percepção, tomada de decisão individual, aprendizagem e motivação. De forma geral, pouco podem ser alteradas pelo esforço do gestor, exceto as quatro últimas;
- Nível do grupo: o comportamento do grupo é mais que a soma das ações individuais de seus componentes, inclusive porque as pessoas se comportam de forma diferente quando estão sozinhas e quando estão em grupo. Quando em grupo, elas são influenciadas pelos padrões de comportamento que se esperam delas, padrões aceitáveis e grau em que os membros de um grupo são atraídos uns pelos outros. Algumas variáveis deste nível são os padrões de comunicação, estilos de liderança, estruturas de poder, relações políticas internas e externas, e níveis de conflito;
- Nível do sistema organizacional: a estrutura formal do escritório se soma às demais influências ao comportamento dos indivíduos. Uma organização também é mais que a soma de seus elementos componentes, e traz novas variáveis de influência, como o desenho da estrutura formal, os processos de trabalho, o desenho das funções, as políticas e práticas de recursos humanos, os processos de seleção, os processos de treinamento, a forma de avaliar desempenho, e a cultura interna.
Também é sempre importante repisar que o comportamento humano é extremamente complexo, apesar de seguir a alguns padrões identificáveis e passíveis de estudo. O resultado desse conjunto de características é a quase impossibilidade de se prever o comportamento de um único indivíduo, mas também há alta taxa de acerto de modelos preditivos do comportamento de grandes contingentes de pessoas.
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