Olá, pessoal! Estou aqui na cidade de Uberlândia participando do VI Simpósio Brasileiro de Qualidade do Projeto, onde vou apresentar um artigo sobre segmentação de empresas de arquitetura no município de São Paulo.
Mas depois falamos disso, o que quero contar agora é sobre uma palestra muito interessante que aconteceu ontem à noite, do professor Koen Steemers, da Universidade de Cambridge (Reino Unido), autor do livro Healthy Homes: designing with light and air for sustainability and wellbeing.
O professor Steemers detalhou como cada um dos cinco caminhos para o bem-estar [1] pode receber uma importante contribuição da arquitetura. E importante porque, por haver uma curva normal de distribuição da população entre os estágios de bem-estar, um “impulso” (nudge) de 10% favorecido pelo ambiente construído colocaria uma proporção muito grande de pessoas em melhores níveis de prosperidade. Vamos a cada um deles:
- Connect (conectar): depende muito de lugares, especialmente locais Públicos cotidianos onde as pessoas possam se encontrar e se reconhecer. Preferencialmente orientados a pedestres, para que os encontros ocorram. Também é salutar a existência de espaços intermediários entre o público e o privado. Na arquitetura, é promovido também pela existência de janelas, para a conexão visual. Por fim, também é recomendado que haja um pequeno espaço para que você se encontre consigo.
- Keep active (mantenha-se em atividade): aqui são indicados os parques e playgrounds, que equipamentos urbanos estejam próximos às residências para estimular caminhadas, áreas externas, ambientes naturais, pequenas estratégias de projeto para estimular a atividade física. Um lance de escada para subir um andar consome aproximadamente 3% da energia diária de um cidadão mediano. Subir 10 vezes significa consumo de 30% dessa energia. Se levantar 20 vezes da cadeira num dia significa o consumo de 10% da atividade metabólica diária. O projeto pode muito bem estimular ações desses tipos. Faça a circulação ser agradável, coloque elementos atrativos no caminho.
- Take notice (observar): promova o evento de contemplação, coloque locais para as pessoas se sentarem próximas a objetos de arte ou de visuais interessantes para paisagens e plantas. Crie diversidade em áreas externas, deixe maior proporção de espaços públicos em vez de privados.
- Keep learning (continue aprendendo): o lugar de estudo é importantíssimo para a promoção do aprendizado. Deve ser limpo, seguro, desobstruído. Não pode ser escuro nem monótono. Melhor ainda se forem confortáveis e estimularem atividades artísticas, música, leitura, etc.
- Give (doar-se, altruísmo): talvez este seja o único item de menor participação da arquitetura e urbanismo, mas ainda assim, o espaço construído pode ajudar. Por exemplo, a eliminação de estresses ambientais fomentam o comportamento altruísta. Também há ganhos neste quesito quando há maior diversidade, proximidade e acessibilidade.
Eu trouxe rapidamente e provavelmente muito incompleto o que foi discutido, mas ainda assim parece ser válido perante a relevância do tema e a qualidade da exposição do professor Steemers.
[1] Five ways of well-being (cinco caminhos do bem-estar) é uma proposta desenvolvida pela New Economics Foundation para a Foresight Commission no Reino Unido.
Saiba mais: Healthy Homes: designing with light and air for sustainability and wellbeing
Um comentário sobre “SBQP 2019: palestra de Koen Steemers sobre bem-estar e Five Ways of Well-being”