Custos e despesas no preço da prestação de serviços [GA]

MEF: Capital de Giro

A prestação de serviços profissionais gera muitas dúvidas e, pior ainda, práticas incorretas de consideração dos custos e despesas na fixação do preço a ser cobrado do cliente. Claro que aqui me concentro nas práticas de arquitetura, engenharia e design, mas certamente o mesmo problema se estende a outros campos profissionais.

Repassarei aqui um roteiro simples da estrutura a ser observada para a correta consideração de tais desembolsos, de forma simplificada para o fácil entendimento do conceito. Considerarei hoje que estão claras as diferenças entre custos e despesas, mas reveja aqui se não estiverem. Continuar lendo Custos e despesas no preço da prestação de serviços [GA]

A estrutura do mercado profissional [GA]

ferrovia e as concessões de infraestrutura

Hoje continuamos o assunto dos posts anteriores sobre mercados profissionais abordando a estrutura desse tipo de mercado, a qual surge de forma singular: nem todas as pessoas valorizam da mesma forma o capital simbólico, e obter um diploma em determinado campo cultural é um objetivo vantajoso para uns, mas não para outros.

As pessoas perseguem estratégias que acreditam que lhe retornarão rendimentos mais elevados, sejam simbólicos ou econômicos. Todas as decisões a respeito de campo profissional são tomadas em função de como percebem suas chances de sucesso, assim definido o atingimento de acúmulo de capital simbólico, econômico, geração de externalidades externas positivas ou simples satisfação pessoal. Isso significa que tentamos realizar o que acreditamos ser possível, e nos excluímos das áreas nas quais acreditamos que não seremos bem-sucedidos. Ou seja, na estrutura de competição profissional, os menos favorecidos se eliminam voluntariamente, por si próprios, dos campos dominados por outros grupos. Continuar lendo A estrutura do mercado profissional [GA]

O capital simbólico no mercado profissional [GA]

Centro Cultural Gabriel García Márquez. Foto Emilene Miossi

Este texto dá continuidade aos anteriores sobre a concorrência em mercados profissionais. Hoje falaremos sobre o capital simbólico e seu papel na concorrência entre profissionais, uma vez que ele promove o poder simbólico da mesma forma que a posse de capital econômico promove o poder econômico. Da mesma forma que pessoas e grupos concorrem na arena econômica para aumentar riqueza econômica, os profissionais competem também na arena cultural para maximizar capital cultural.

Existem quatro formas básicas de capital cultural [1]:

  1. Capital cultural institucionalizado: qualificações acadêmicas, realizações educacionais, prêmios, certificações, saber coisas;
  2. Capital cultural objetivado: objetos ou bens culturais, como obras de arte ou qualquer um dos inúmeros objetos simbólicos produzidos pela sociedade;
  3. Capital cultural social: redes duráveis de pessoas às quais se pode recorrer para apoio e auxílio ao longo da vida profissional. Este tipo é particularmente útil nas áreas da vida social que não foram burocratizadas pelo Estado, nas quais as habilidades formalmente certificadas valem menos que as habilidades sociais;
  4. Capital cultural corporificado: a forma mais sutil e que torna a noção de capital cultural tão importante, este tipo não depende de nenhum dos três tipos anteriores: a posse de capital cultural simplesmente pelo fato de a pessoa ser culta, um capital que existe no íntimo das pessoas sob a forma de atitudes, gostos, preferências e comportamentos. Este tipo de capital se manifesta na forma como falamos, nos vestimos, o que gostamos de ler, esportes que praticamos, que carro temos, quais passatempos preferimos, ou seja, todas as inúmeras possibilidades em que gosto atitudes se manifestam. Práticas aparentemente triviais e naturais são poderosas manifestações de capital cultural corporificado;

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Poder simbólico e o mercado profissional [GA]

Escritório de arquitetura

Este texto dá continuidade aos anteriores sobre a concorrência em mercados profissionais, hoje tratando sobre o espaço de mercado no qual os grupos competem entre si em prol de seus próprios interesses. Nesse jogo, alguns grupos são mais bem-sucedidos que outros, controlam mais recursos. Este é o ponto de partida para esse tipo de análise: o reconhecimento da existência de grupos dominantes e subordinados.

Adotaremos aqui a definição bourdiana para poder: a capacidade de impor uma definição específica da realidade que seja desvantajosa para outros. O poder mais óbvio é a força física, mas é pouco usada na disputa entre grupos inclusive por ser ineficiente. Assim, esse tipo de poder é delegado ao Estado. Um segundo tipo de poder é o econômico, com suas estruturas igualmente óbvias.

Entretanto, existe uma terceira forma de poder, desta vez não tão óbvia, mais potente, eficiente e onipresente que as anteriores: o poder simbólico. Trata-se da manipulação de símbolos, conceitos, ideias e crenças para o atingimento de seus objetivos. Em seu nível mais elevado (de toda a sociedade), o poder simbólico é conhecido como “cultura”. Continuar lendo Poder simbólico e o mercado profissional [GA]

(in)sustentabilidade da empresa prestadora de serviços

Muito se fala sobre sustentabilidade, mas pouco se explica sobre o quê. Termo este que hoje em dia se adere às políticas de responsabilidade ambiental, social e de governança (ASG) tem uma motivação muito mais primitiva no mundo dos negócios: o da busca pela perenidade da empresa. As motivações de Fayol para tirar gente da operação para isolar num escritório pensante não caíam muito longe dessa árvore.

Qualquer empresa que nasça sem uma intenção de perenidade consome recursos sociais custosos para atender a um objetivo relativamente curto para o mundo, justamente por estar limitado aos prazos de vidas humanas. Ou seja, abriga uma nada desprezível carga de egoísmo. Tais recursos sociais custosos são limitados, e o acesso a eles é particularmente concorrido em economias de alta desigualdade social. Continuar lendo (in)sustentabilidade da empresa prestadora de serviços