Os processos BIM, ao contrário do que acontecia com o CAD, não se encerram no as built da obra. O BIM vai muito além da construção e entrega do ativo (edifício, sistema urbano, infraestrutura etc.), estabelece um banco de dados customizável, aberto e, ao mesmo tempo, padronizado para a manutenção, operação, reformas e até encerramento da vida útil do espaço construído. É perfeito para o gerenciamento de longo prazo da construção e de todos os seus equipamentos, instalações, sistemas e componentes.
Em quase todos os casos, o BIM permeia diversos contratos firmados entre o promotor daquele ativo e diversos contratados diferentes, incluindo mas não se limitando a projetos, construções, instalações, manutenção, operação e financiamento.
Isso acontece em quase todos os casos. Existe uma modalidade de contrato administrativo muito difundida no mundo, em expansão, e cada vez mais comum no Brasil, no qual todo esse conjunto de contratações é direcionado a um único contratado de longo prazo: são os contratos de concessões públicas e parcerias público-privadas (PPP). Nestes contratos, um conjunto de fornecedores diferentes costumam se consorciar numa única sociedade de propósito específico (SPE) para prestar esses serviços ao Estado no longo prazo, e ficam responsáveis por todo o ciclo do ativo, assumindo seus riscos, desde a concepção do projeto executivo até a reversão do ativo público décadas depois.
É natural que este tipo de contratado se interesse por uma forma de desenvolver e gerir este ativo a partir de um único sistema, intercambiável, aberto, amplo, detalhado e padronizado o suficiente para facilitar sua execução contratual. E o BIM é perfeito para isso, e melhor ainda quando operado por um único executor contratual.
Assim, o encontro entre contratos de PPP (ou assemelhados) e os sistemas BIM (ou algum futuro sucessor) é mais que natural: é inevitável. Até as características de liberdade de inovação concedida ao parceiro privado, a remuneração por desempenho e a fiscalização da qualidade de gestão do ativo são perfeitamente compatíveis com o BIM. Portanto, não seria surpresa alguma se, daqui a pouco tempo, a estruturação de projetos de concessão pública passar a ser feita totalmente no BIM. Reforço o totalmente porque o BIM também estabelece padrões de comunicação, de requisitos de projeto, de espirais de desenvolvimento, de níveis de detalhamento, de hierarquização de informações, de níveis de acesso às informações, e assim por diante.
Além disso, o BIM já possui normatização internacional (ISO), adaptações dessas regras internacionais ao Brasil (ABNT NBR) e iniciativas governamentais de contratações de ativos públicos (Estratégia BIM BR).
O BIM também é baseado em plataformas amigáveis que permitem o desenvolvimento flexível de projetos referenciais durante a fase de estruturação, padronizando comunicações e relatórios durante essa construção, e permite os ajustes necessários nos projetos executivos da concessionária, sempre carregando para a fase seguinte (construção, operação, desmonte etc.) os bancos de dados de elementos preservados. Isso é possível graças à construção paramétrica de objetos, os quais são atrelados a um banco de dados versátil e customizável.
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