As catedrais continuam brancas

As catedrais continuam brancas

Eu me deparei, recentemente e por contingências da vida profissional, com o interessante livro da arquiteta Amélia Reynaldo (As catedrais continuam brancas), uma belíssima descrição do histórico de desenvolvimento urbano da cidade do Recife (PE). Ainda não terminei de ler o trabalho, mas garanto que seus primeiros 40% já valem a leitura.

Um dos aspectos que mais me impressionou foi a incrível simetria entre as cidades de Recife e São Paulo no que tange os desenvolvimentos físico, de pensamento e da regulação urbana, incluindo aqui também seus instrumentos de preservação cultural. Dois pontos importantes se sobressaem de tal constatação: primeiro, a participação de personagens em comum nessa história, como Saturnino de Brito, Prestes Maia e Ulhôa Cintra; segundo, a presença de influências nacionais e globais de cada época na construção de cenários urbanos similares.

Quero dizer com isso que nossa tradição de formar arquitetos e urbanistas especialistas em suas próprias cidades deveria ser enriquecida com algum estudo simétrico de outra cidade brasileira de porte semelhante. O livro de Amélia Reynaldo me resgatou, pessoalmente, esta convicção com grande intensidade. É muito importante observar um caso alternativo ao de sua própria cidade para verificar (e com facilidade) que existem processos de avanços e pensamentos de cada momento histórico que não se limitam a uma localidade ou região. Diversos deles não se limitam nem ao nosso país ou região do globo.

A observação de tais simetrias, além de enriquecer o perfil profissional de quem o faz, também nos permite ver com mais clareza as singularidades, apreciar a beleza proporcionada por nossa rica diversidade e usá-las no processo de construção de soluções adequadas à nossa realidade.

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