Casa Butantã – Paulo Mendes da Rocha

Casa Butantã

 

Creio não haver dúvidas de que a paixão do brasileiro pelo futebol vem da nossa potência e histórico nesse campo, longe de ser nossa única fortaleza nacional. Outra potência nacional, infelizmente ainda pouco difundida de forma ampla por nossas limitações, são artefatos e registros de uma das culturas mais ricas do planeta. Riqueza esta advinda não apenas de heranças de nossa riquíssima mestiçagem étnico-cultural, mas principalmente de nossa capacidade de invenção e reinvenção de modos de viver, uma habilidade que nosso povo desenvolveu a partir da oportunidade de ingerir e digerir uma multiplicidade imensa de influências e costumes que os imigrantes das mais variadas origens trouxeram em suas bagagens, que as ondas do rádio, da TV ou a internet importaram.

Essa riqueza depositada nas práticas cotidianas de um povo não se observa diretamente, e dificilmente se registra em suporte material. Mas, em raras ocasiões, isso acontece. Uma dessas raridades é a casa que Paulo Mendes da Rocha, o arquiteto brasileiro mais relevante de nosso passado recente fez para si e para sua família no bairro do Butantã. Ícone da arquitetura paulista, síntese do pensamento do arquiteto tão compartilhado em suas falas, os espaços da casa refletem uma visão revolucionária do pensar, do desenhar, do morar, do conviver e do significar a vida brasileira moderna.

O livro é belíssimo em todos os seus aspectos: pelas sensíveis fotografias feitas pelo próprio filho que lá morou, pela abertura da mesma Catherine Otondo que teve a casa em sua vida pessoal, pela voz do próprio arquiteto narrando os pensamentos que se cristalizaram em elementos tangíveis, pelos registros gráficos precisos do projeto (como também se observa nos demais projetos do arquiteto) e, por último e talvez mais importante, o primoroso texto de Flávio Motta ao final, originalmente publicado na revista Acrópole em 1967, outro registro de grande valor cultural em si mesmo.

Vale cada centavo, considero obrigatório a qualquer brasileiro interessado em nossa incrível arquitetura, campo legítimo brasileiro que conquistou o mundo em meados do século passado – tanto quanto o nosso futebol.

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2 comentários em “Casa Butantã – Paulo Mendes da Rocha”

  1. mestiçagem é um termo errôneo de se usar hoje em dia, é como se admite-se que a raça branca ou a raça que se considera superior na região, é a raça referência que está sendo “manchada” por outras raças, inferiorizando as outras raças contribuintes na miscigenação. Esse termo não equivale um processo equitativo igualitário, é opressor e eugenista ao considerar que uma raça esta sendo suja por outras.

    luany c. | 11 9 4828-1049

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    1. Prezada Luany,

      Obrigado pela contribuição. Qual seria o termo correto, para eu poder fazer a correção?

      Atenciosamente,

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