Helicopter money é uma proposta heterodoxa de política monetária que consiste na distribuição direta de moeda à população sem qualquer contrapartida – daí a ideia extrema de jogar dinheiro de helicóptero, que deu origem ao nome. Foi algumas vezes sugerida como alternativa ao “quantitative easing”, título dado ao controle quantitativo de moeda via negociação de títulos públicos em mercado aberto.

O “quantitative easing” deixa de funcionar adequadamente quando a economia está na chamada “armadilha de liquidez” (liquidity trap), situação em que as taxas de juros estão próximas a zero e a economia continua em recessão. Pode parecer uma aberração aos olhos da política monetária ortodoxa, mas caracteriza uma situação cada vez mais recorrente, cujo crescimento nas frequências de ocorrências só foi interrompido pelos choques econômicos que vivemos atualmente em decorrência da pandemia de covid-19.
Apesar de a ideia original ter sido um tanto literal, o termo “helicopter money” tem sido usado para identificar um grupo amplo de diferentes políticas, incluindo uma espécie de alavancagem permanente de dívidas públicas, ou outras formas de transferências monetárias ao setor privado pelos bancos centrais, o que chegou a ser chamado de dividendos aos cidadãos ou distribuição de senhoridade futura, por exemplo.
O termo “helicopter money” apareceu pela primeira vez em 1969, num trabalho de Milton Friedman que ilustrava desta forma lúdica os efeitos da expansão monetária, e foi resgatado como proposta de política monetária ao Japão no início dos anos 2000. Após um longo período recessivo no país, a ameaça de possível deflação passava a ser um grave problema. Em ambientes deflacionários, o papel-moeda passa a ser um título ao portador com valorização real, e pode ruir com todo o sistema financeiro de um país. Temos grandes preocupações e dificuldades com a inflação no Brasil, mas a deflação tem o potencial de ser um problema muito mais grave quando não se encontra solução pera ela.
Alguns anos mais tarde, outros países começaram a sentir dificuldades semelhantes, inclusive a Suíça, tida como último bastião de segurança do sistema financeiro global.