Da arquitetura tradicional japonesa ao Ocidente contemporâneo

As artes vivenciaram diversos momentos históricos de grandes rupturas, transformações, transgressões. Mas de todos esses momentos, houve um período de transformação significativamente mais radical, uma época de revisões tão agudas que provavelmente se passará ainda muito tempo até que a humanidade veja outra revolução de magnitude semelhante.

Estou aqui falando da época em que os efeitos da Revolução Industrial já afetavam praticamente todos os setores sociais do mundo ocidental, e o elemento humano, principalmente os indivíduos mergulhados em ambientes inédita e massivamente urbanos, cercados por artefatos elétricos e mecânicos, num contexto que o separava, enquanto espécie biológica, do ambiente originário da sua própria geração. Nenhuma coorte humana jamais havia vivido algo semelhante.

Como é natural a qualquer um de nós, nossos semelhantes da época reagiram como era de se esperar: negaram as mudanças, e buscaram na tecnologia a reafirmação de uma época que não existia mais. A arquitetura ocidental o fez buscando reafirmar referências clássicas de suas raízes greco-romanas, num esforço tão grande que os revivalismos tomaram conta da recém-organizada academia de massa.

Mas obviamente esse comportamento não se sustenta por muito tempo, porque em situações assim urge a adaptação ao novo ambiente. Foi quanto retornamos à racionalidade, e o fizemos com igual radicalismo no alvorecer do século 20. Quando isso aconteceu, já estávamos num grau de globalização de referências culturais (decorrente inclusive pela evolução tecnológica) que nos permitia conhecer muitas outras referências além do classicismo revivalista greco-romano da época.

A aliança desses dois elementos – a multiplicidade de referências à mão de um lado, e o racionalismo objetivo que nos levava a linhas de pensamento muito mais enxutas de outro – deixou o mundo ocidental perplexo frente a uma cultura que já rejeitava os excessos desnecessários havia séculos: a japonesa.

Particularmente no campo da arquitetura, importantes ícones do modernismo foram grandes entusiastas de princípios japoneses. Um desses nomes foi Frank Lloyd Wright, que não escondia sua admiração pelas soluções da terra do sol nascente. É por isso que a arquitetura japonesa é relevante para nosso mundo ocidental contemporâneo. E é por este mesmo motivo que voltaremos a falar sobre arquitetura japonesa neste blog num futuro próximo, inclusive trazendo alguns pontos de como esse encontro de culturas se processou no campo da arquitetura.

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