La Casa de Papel 3 desafia o Estado nacional

O Príncipe de Maquiavel está na mira. Não é ficção. Não é só na Espanha. A ascensão do Estado foi uma necessidade para a viabilização da Revolução Burguesa. Naquele mundo e até os anos 1990 fez muito sentido. Hoje, após os primeiros movimentos disruptivos da Revolução Tecnológica, estamos adentrando em outro momento, de economia compartilhada e pulverizada. O B2C dando espaço ao C2C.

Começou com a primavera árabe, que parecia fazer muito sentido do ponto de vista ocidental. Reforcemos: do ponto de vista ocidental. Era fácil para nós observar de fora a rejeição ao poder desproporcional ao Estado Teocrático.

Depois se espalhou pelo resto do mundo, e pegou também nos países democráticos. O Brasil era um prato cheio, principalmente de frustração com a falta de sentido na contribuição financeira com uma instituição enorme e desvirtuada. A crença de que o povo chegaria ao poder e mudaria tudo foi substituída pela frustração de ver a corrupção chegar a níveis inéditos.

Nenhum seriado, nem livro, nem filme, nem qualquer metáfora faz tanto sucesso se não encontrar reflexo em sentimentos profundos. E o roteiro espanhol foi tão explícito ao colocar as funções do Estado em questão, que não deixou espaço para muita dúvida. O poder de Bella Ciao como novo hino da insatisfação por todo o mundo é reconhecido pelo próprio seriado, inclusive citando os protestos anticorrupção de anos recentes. Não é um posicionamento político partidário, é muito maior. As críticas locais da parte um ficaram pequenas.

O roteiro agora reconhece essa reverberação e agradece o apoio. Assume a responsabilidade e veste o chapéu de porta-voz. Agora o cenário é outro.

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