A história da Times [tipografia]

Times, Stanley Morison, 1932
Times, Stanley Morison, 1932

Aquilo que chamamos de “tipo” no mundo ocidental, ou seja, o desenho das letras que usamos numa palavra ou texto (como estas que você lê agora) tem uma origem romana. Asiáticos e outros povos têm isso muito claro por não usarem corriqueiramente essa família de caracteres: eles se referem ao “alfabeto romano” quando precisam utilizar essa família de caracteres tão naturais e familiares a nós.

Os romanos, obcecados pelos ideais gregos de beleza e equilíbrio racionais, concluíram (em especial no período do Imperador Trajano, 98-117) pelo desenho de uma família específica de caracteres, inspirada nos ideais canônicos gregos – assim como o fizeram em tantas outras áreas humanas. A família de caracteres do alfabeto grego, como sabemos, é diferente da família tipográfica romana. Ainda assim, o Imperador Trajano fez questão de demonstrar essa inspiração do classicismo grego em sua Coluna erigida com 30 metros de altura, cuja base apresenta inscrições numa família tipográfica (talvez a primeira formal romana), cujo desenho de caracteres evidencia cada extremidade de haste (o que chamamos de serifa). Esse elemento tem duas funções principais:

  • Dar maior legibilidade ao caractere, principalmente com o afastamento do observador;
  • Preservar o reconhecimento do caractere em situações de más condições de seu suporte, como desgaste do material da coluna de Trajano, por exemplo. Esse ponto fez muito sentido durante muito tempo em que a qualidade do papel ainda não havia se desenvolvido adequadamente.

O conjunto tipográfico romano do período do Imperador Trajano acabou se consolidando como uma referência enxuta para as famílias tipográficas que viriam a surgir. Prova disso foi a modernização do jornal britânico The Times que, buscando por uma família tipográfica que traduzisse visualmente ao leitor uma nova era editorial, contratou Stanley Morison para o desenho da família de caracteres. Sua missão era conjugar a modernidade jornalística com valores tradicionais britânicos, pois o jornal não queria perder seus leitores mais conservadores.

Morison respondeu apresentando, em 1931, uma família tipográfica evidentemente inspirada na família romana de Trajano. Essa é a família tipográfica (fonte) conhecida como Times. [1]

O sucesso editorial da Times na época acabou por consagrar também sua tipografia. Dali em diante, jornais de outros países passaram a imitar as características visuais do The Times londrino. Até os dias atuais, composições tipográficas similares habitam as peças simbólicas do que seria o visual típico da imprensa em papel.

[1] Não confundir com a família Times New Roman, usada pela Microsoft, a qual foi evidentemente “inspirada” na Times original.

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