Empreiteira envolvida na Lava Jato caracterizava profissionais de arquitetura e urbanismo como negligentes, imperitos e irresponsáveis
[matéria publicada pelo CAU/BR]
A 7ª Câmara do Conselho de Ética do CONAR (Conselho Nacional de Autoregulamentação Publicitária) decidiu aplicar uma advertência contra a Andrade Gutierrez em razão de campanha da empreiteira considerada pelo CAU/BR como difamatória da categoria dos arquitetos e urbanistas por caracterizá-los como negligentes, imperitos e irresponsáveis.
A decisão relativa à Representação No. 043/17, em primeira instância, se deu em reunião do dia 24/05/17. No mesmo dia, ela foi comunicada aos profissionais que entraram com representação junto ao CONAR, solicitando a abertura de um processo ético contra a empreiteira – por sinal, uma das maiores envolvidas em atos de corrupção descobertos pela Operação Lava Jato.
Tomaram a iniciativa, entre outros, em nome pessoal, os presidentes do CAU/BR, Haroldo Pinheiro, e do CAU/ES, Tito de Carvalho, e pelo conselheiro federal Fernando Costa (RN). Esse foi o caminho recomendado pelo CAU/BR aos profissionais, em paralelo à ação judicial movida pelo Conselho contra a empreiteira, ainda em tramitação em Brasília.
A campanha, uma série, foi divulgada, nacionalmente, por diversas rádios nos meses de fevereiro e março. Um dos “spots”, o episódio “O contrato vale para todo mundo”, simula o diálogo de dois homens onde se transmite a ideia de que o arquiteto responsável pelo projeto e construção da casa de um deles, “inverteu” a posição do banheiro de sua esposa, não reconheceu seu suposto erro recusando-se a corrigi-lo, não cumpriu o contrato assinado com o cliente e foi responsável pelo “tempão” de duração da obra. E ainda o iguala a políticos corruptos.
A decisão do CONAR foi elogiada pelo presidente do CAU/BR, que em seu pedido ao órgão afirmou sentir-se “ofendido, como cidadão, arquiteto e urbanista” com a campanha. “E não tenho dúvidas de que os arquitetos e urbanistas que trabalham ou prestam serviços para a empreiteira compartilham do mesmo sentimento”.
Na representação, ele acentuou ainda que “a campanha é, ainda, discriminatória, pois em outra mensagem do conjunto dos “spots” que a compõem, há uma peça que enaltece o profissional engenheiro, dando-lhe um tratamento elevado e diverso do que é prestado ao arquiteto e urbanista”.
Na ação apresentada à Justiça, o CAU/BR afirma que a Andrade Gutierrez não tem o direito de “com o intuito de resgatar a credibilidade afetada pela participação em ilícitos, ofender a credibilidade e respeitabilidade de toda uma categoria profissional”.
O Conselho solicitou a retirada imediata do ar do “spot”, indenização por danos morais coletivos e veiculação, a custa da empreiteira, de mensagens de valorização dos arquitetos e urbanistas na elaboração de projetos arquitetônicos (de edificações) e execução de obras.