A estrutura do mercado profissional [GA]

ferrovia e as concessões de infraestrutura

Hoje continuamos o assunto dos posts anteriores sobre mercados profissionais abordando a estrutura desse tipo de mercado, a qual surge de forma singular: nem todas as pessoas valorizam da mesma forma o capital simbólico, e obter um diploma em determinado campo cultural é um objetivo vantajoso para uns, mas não para outros.

As pessoas perseguem estratégias que acreditam que lhe retornarão rendimentos mais elevados, sejam simbólicos ou econômicos. Todas as decisões a respeito de campo profissional são tomadas em função de como percebem suas chances de sucesso, assim definido o atingimento de acúmulo de capital simbólico, econômico, geração de externalidades externas positivas ou simples satisfação pessoal. Isso significa que tentamos realizar o que acreditamos ser possível, e nos excluímos das áreas nas quais acreditamos que não seremos bem-sucedidos. Ou seja, na estrutura de competição profissional, os menos favorecidos se eliminam voluntariamente, por si próprios, dos campos dominados por outros grupos. Continuar lendo A estrutura do mercado profissional [GA]

O capital simbólico no mercado profissional [GA]

Centro Cultural Gabriel García Márquez. Foto Emilene Miossi

Este texto dá continuidade aos anteriores sobre a concorrência em mercados profissionais. Hoje falaremos sobre o capital simbólico e seu papel na concorrência entre profissionais, uma vez que ele promove o poder simbólico da mesma forma que a posse de capital econômico promove o poder econômico. Da mesma forma que pessoas e grupos concorrem na arena econômica para aumentar riqueza econômica, os profissionais competem também na arena cultural para maximizar capital cultural.

Existem quatro formas básicas de capital cultural [1]:

  1. Capital cultural institucionalizado: qualificações acadêmicas, realizações educacionais, prêmios, certificações, saber coisas;
  2. Capital cultural objetivado: objetos ou bens culturais, como obras de arte ou qualquer um dos inúmeros objetos simbólicos produzidos pela sociedade;
  3. Capital cultural social: redes duráveis de pessoas às quais se pode recorrer para apoio e auxílio ao longo da vida profissional. Este tipo é particularmente útil nas áreas da vida social que não foram burocratizadas pelo Estado, nas quais as habilidades formalmente certificadas valem menos que as habilidades sociais;
  4. Capital cultural corporificado: a forma mais sutil e que torna a noção de capital cultural tão importante, este tipo não depende de nenhum dos três tipos anteriores: a posse de capital cultural simplesmente pelo fato de a pessoa ser culta, um capital que existe no íntimo das pessoas sob a forma de atitudes, gostos, preferências e comportamentos. Este tipo de capital se manifesta na forma como falamos, nos vestimos, o que gostamos de ler, esportes que praticamos, que carro temos, quais passatempos preferimos, ou seja, todas as inúmeras possibilidades em que gosto atitudes se manifestam. Práticas aparentemente triviais e naturais são poderosas manifestações de capital cultural corporificado;

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