Compreender o BIM passa pela compreensão ampla do empreendimento e da linguagem utilizada pelo investidor. Todos os aspectos da gestão de um empreendimento, inclusive ao do próprio escritório de arquitetura se reflete, de uma forma ou de outra, no BIM.
A concretização do ativo físico sempre tendeu a ser iniciada pelo arquiteto, mas o restante do processo era opaco para nós, porque as informações e processos eram muito compartimentados. Isso acontecia no mundo analógico e no mundo digital anterior, como o da tecnologia CAD de produção de documentos.
BIM não é um software, é um conjunto de políticas, processos e tecnologias que está criando uma nova forma de trabalhar. É muito mais um como do que um o quê. Desde o início da informatização dos processos de trabalho estamos numa mesma tendência de integração, transparência e colaboração. O BIM é apenas o coroamento deste processo no tempo presente com a utilização das possibilidades tecnológicas disponíveis. Com elas, criamos novas ferramentas, redesenhamos os processos de trabalhos e repensamos nossas políticas infra e extra-setoriais.
O BIM é uma imensidão de possibilidades, e o mais fácil ao se deparar com ele é a perplexidade e a falta de objetividade. Cada detalhe construtivo pode levar uma quantidade muito grande de informações, e fica fácil se perder ou de começar a trilhar um caminho inviável para a sua realidade. Por isso, antes de fazer qualquer investimento, é necessário entender o que queremos dele. Como será seu uso na realidade do seu escritório? Quais são os benefícios almejados? Responder a essas perguntas faz toda a diferença.
Em primeiro lugar, é necessário entender em que contexto de contrato o escritório trabalha. Existem duas modalidades principais de contratos que descrevem bem tanto os contratos administrativos (aqueles firmados com o governo) quanto contratos entre particulares. A escolha entre eles define a forma de se requisitar e padronizar informações sobre o ativo construído:
DBB: do inglês design, bid, build. No caso de contratos administrativos, descreve a contratação mais tradicional que costumava ser feita pela Lei 8.666/93, atualizada para a Lei 14.133 em 1º de abril de 2021. Neste arranjo, o proprietário contrata projeto e engenharia à parte ou desenvolve dentro de sua própria estrutura organizacional, e as compras (procurement) e construção são realizados por outro contratado. Daí a sequência do título em inglês, que descreve a sequência projeto-licitação-construção.
EPC: neste modelo, o proprietário inclui num mesmo contrato também os projetos de engenharia (engineering), compras (procurement) e construção (construction).
Além do modelo contratual, também se faz necessário compreender para qual momento do ciclo de vida do empreendimento está sendo inserido o BIM, para que se defina qual conjunto de suas funcionalidades de abrangência virtualmente infinita serão utilizadas.
No processo de desenvolvimento de um modelo BIM, existem três estágios básicos. No primeiro momento, é construída uma base geométrica de representação que já possui informações fundamentais e de construção paramétrica de geometrias representativas de elementos físicos construídos. No segundo momento, o modelo evolui agregando algumas informações inerentes às características finais da construção, num nível mínimo que possibilite o tratamento do modelo enquanto protótipo. Por fim, o modelo atinge um nível de agregação de informações mais completo que o permite apoiar não apenas as fases de desenvolvimento do projeto e construção (obra), mas também a entrega do ativo (primeiro momento do ativo) e o período de operação e manutenção tipicamente longo e coincidente de utilização efetiva do ativo (segundo momento do ativo).
Voltaremos ao assunto falando sobre outros aspectos da implantação BIM, mas para qualquer avanço, essas duas variáveis precisam estar muito claras logo de início.
[GA] : esta marca sinaliza texto sobre Gestão Arquitetônica.
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