Estágios de maturidade BIM no escritório [GA]

Um dos maiores erros que se pode cometer na transição para o BIM é tentar resolver tudo de uma vez e rapidamente. Quem tentou saltar vários degraus de uma vez se arrependeu e teve que dar alguns passos para trás, o que é desgastante e aumenta o investimento de transição. A transição gradual consolida a evolução passo a passo, consome menos recursos, inclusive tempo (é mais eficiente), garante que a transição seja feita uma única vez e atinja seus objetivos (é mais eficaz) e permite que a organização amadureça junto, visualizando melhor quais aspectos do BIM de fato lhe interessam (é mais efetiva). Também vale lembrar que não adianta buscar o nível mais alto de interoperabilidade e cooperação se seus parceiros comerciais não estiverem evoluindo junto.

O que mais encanta os escritórios num primeiro momento é a evolução de processos internos proporcionada pela ferramenta tecnológica interna à organização: a rapidez de geração do projeto, a facilidade e agilidade no teste de hipóteses geométricas alternativas, a facilidade de extração de dados e a grande quantidade de informações embutida nos templates originais dos principais softwares autorais, que permitem obter rapidamente estimativas de custos preliminares. Mas tudo isso é um passo tão inicial, que Bilal Succar o chama de pré-BIM.

Este primeiro momento de transformação digital BIM, também conhecido como BIM 1.0, está sendo experimentado por muitos escritórios: é o momento de rápida aceleração da modelagem paramétrica em processos iterativos e sequenciais. A comunicação é assíncrona entre colaboradores de diversas disciplinas, ainda assim gerando ganhos de velocidade em geração de modelos tridimensionais, visualizações automáticas, geração de documentos e extração de quantitativos a partir do modelo. Melhora a coordenação de documentos, aumenta a produtividade geral do escritório, há maior controle da informação e novos serviços podem ser oferecidos ao cliente.

E o que vem depois disso? O que seria o BIM 2.0? Reforço a necessidade de uma evolução paulatina e segura, onde cada passo deve ser dado após a consolidação do anterior na organização. Em outras palavras, após o escritório assimilar o primeiro grupo de evoluções listado acima, passa a avançar sobre os chamados espaços de convergência: ambientes de interação, programas integrados de análise, modelos 4D (tempo) e 5D (custo), compatibilização automatizada por detectores de colisões (clash detection), melhora da qualidade de informações e na extração de quantitativos, por exemplo. Nessa segunda fase de amadurecimento BIM, o processo é mais interativo, apesar de ainda assíncrono, melhorando a interoperabilidade entre agentes envolvidos na construção do projeto.

A partir deste segundo estágio, tornam-se essenciais os arquivos de colaboração, como o formato universal IFC (Industry Foundation Classes). Também ocorrem mudanças muito grandes no processo de projeto (design), em especial no gerenciamento da informação, na prática integrada e na adoção de outras ferramentas automatizadas para revisão, simulação e avaliação de soluções de projeto.

Consolidado esse estágio, um novo se abre como possibilidade. Conhecido como BIM 3.0, representa uma prática de projeto bem mais integrada, fluxos de informação contínua (sem perdas ou sobreposições). A criação é compartilhada e colaborativa em todas as fases do projeto, incluindo obra, operação e término do ciclo de vida do ativo. O processo de desenvolvimento do projeto (design) é simultâneo e recursivo. Nesta fase ocorrem as mudanças mais drásticas em políticas, processos e tecnologia. A semântica do modelo BIM é rica, mas também exige dos arquitetos mudanças profundas na prática de projetar, demanda novas capacidades para gerir grande quantidade de informações.

Saiba mais:

ANDRADE, M. L. V. X.; RUSCHEL, R. C. Building Information Modeling (BIM). O processo de projeto em arquitetura. São Paulo: Oficina de Textos, 2011.

Processo de projeto em arquitetura

 

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