Ontem, 13 de dezembro de 2016, foi um marco para a história a faculdade que me formou arquiteto e urbanista. Referência nacional de excelência em pesquisa e ensino, a instituição ainda é, infelizmente, um tanto estanque a um assunto importante e absolutamente necessário para a sobrevivência do arquiteto recém-formado: a organização de sua prática profissional numa economia de mercado. Por diversos motivos que não serão aqui tratados, qualquer menção a aproximar a atividade do arquiteto de práticas de mercado costuma ser veementemente criticada nas dependências da instituição.
Mas algo diferente ocorreu ontem.
Tive a felicidade de participar da banca de avaliação do TFG do agora arquiteto Daniel Collaço, orientado pelo Prof. Dr. Gil Barros (AUT), da qual participou o Prof. Dr. Paulo Eduardo Fonseca (AUP). O tema do trabalho é, até onde sei, inédito: o projeto da prática profissional do arquiteto no nível do modelo de gestão e negócio. A proposta de Collaço é utilizar o pensamento projetual do arquiteto para o desenho de modelos de gestão e negócio do próprio escritório de arquitetura. Partindo do conceito que a arquitetura está inserida no pensamento projetual, e não o contrário, o aluno explorou a área de gestão e planejamento de operações, terrenos desconhecido para arquitetos, apesar de ser já velho conhecido de outros profissionais liberais. Não apenas explorou o desconhecido, como o fez de forma surpreendente para um aluno de graduação.
Pergunto-me se essa abertura, a qual não encontrei durante minha graduação ou mestrado, teria algo a ver com a possível dupla formação com engenharia civil (Escola Politécnica da USP), ou com o curso de Design, que faz interface com a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA-USP). Independente de onde veio, é muito salutar, porque tocando ou não a academia no assunto, fatalmente será um conhecimento necessário para a vida profissional do aluno egresso que pretenda atuar em seu próprio atelier.
Diversas vezes fui contatado por escritórios de arquitetura para “ajudar na organização” (é como costuma ser feita a solicitação). O objetivo invariavelmente é o mesmo: promover a organização básica dos aspectos gerenciais e de negócio. Financeiro, comercial, gestão de pessoas e marketing são os pedidos mais frequentes. E o que se vê em alguns casos são barbaridades indescritíveis nesses assuntos, muitas vezes em organizações que produzem arquitetura de alta qualidade.
Já passou da hora do arquiteto olhar para a gestão de sua atividade, e essa necessidade transborda por inúmeras ações e iniciativas facilmente localizadas na internet. O que o profissional não obtém na graduação, busca fora dela. E isso alimenta a esperança de ganharmos esse espaço nas grades curriculares. Fico feliz de ter visto uma dessas ações na instituição que foi meu berço profissional, e até por isso devo agradecimentos ao Prof. Dr. Gil Barros e ao Daniel Collaço, que merecidamente recebeu a nota máxima por seu trabalho.
Ricardo, novamente muito obrigado pela sua presença na banca! Seus comentários com certeza poderão me auxiliar muito nos caminhos que ainda estão por vir. Fico muito feliz com seu retorno e reconhecimento do trabalho! Espero que cada vez mais, nós arquitetos, possamos trabalhar de forma mais profissional e penetrar melhor na sociedade 🙂
Abraços
CurtirCurtir
Daniel,
Parabéns pelo trabalho, e obrigado pelo comentário.
Que suas palavras se tornem realidade!
Forte abraço,
RT
CurtirCurtir
Daniel..aqui é uma arquiteta que neste ano faz 30 de formada…e o mais interessante disto, fui convidada pelo Ricardo para a banca do TFG dele.
Coincidências?
Creio que não.
Tenho, ao longo deste minha carreira nada fácil, insistido que uma das coisas com as quais mais sofremos é não sermos preparados para administrar nossos escritórios.
Somos levados a crer que tudo é lindo, os projetos serão incríveis, poderemos fazer e criar a vontade…nada disso.
A realidade é bem outra.
Mas muitos, seremos sim empresários, donos de nosso próprio negócio.
Mas sem a mínima preparação.
Bom saber que Ricardo esteve contigo.
Como boa ” madrinha”, o orgulho bate à porta.
Bom saber que alguém, começa finalmente a olhar esta questão!
Boa vida de arquiteto para você!
Abraço!
Teresa
CurtirCurtir
Obrigado pelo comentário, Teresa! Beijos!
CurtirCurtir