Já que tocamos no assunto… E aproveitando a notícia da retração monetária e de crédito: desconfio do discurso que diz haver muito espaço para a ampliação do crédito imobiliário no Brasil porque ele está em apenas 8,2% do PIB, enquanto em outros países essa participação é bem maior.
Que outros países são esses? As maiores participações no PIB estão em países desenvolvidos – ou seja, onde a classe média é ampla e não demanda tanto investimento quanto aqui.
Países em desenvolvimento estão em situação parecida com a nossa – Chile, por exemplo, tem um volume de crédito imobiliário ao redor de 11% do PIB.
Outro ponto: em países desenvolvidos o mercado potencial é reduzido porque boa parte da população já integra o mercado de consumo. Foi justamente esse potencial de crescimento que selecionou os BRICs como um grupinho (mais ou menos) coeso. Existe um limite para o aproveitamento eficiente do crédito, fortemente correlacionado à renda. Sem renda, o crédito é inócuo. Mesmo com a elevação da renda das famílias brasileiras na base da pirâmide dos últimos anos, a população fora dos mercados de consumo ainda é muito significativa.
Além disso, no mercado doméstico, o crédito imobiliário disputa pocket share das famílias com o crédito para consumo, como os cartões.
E, por fim, nosso funding para crédito imobiliário ainda é muito concentrado em poupança pública e poupança compulsória dos trabalhadores (FGTS), com pouco desenvolvimento de captação via mercado de capitais (LCI, por exemplo) ou via securitização (emissão de títulos, sejam primários ou de dívida).
É esse o contexto singular em que se diz que 8,2% é pouco. Será mesmo? é pequeno mesmo?