O PIB e o metrô

Caracas, capital da Venezuela, inaugura no mês que vem (dezembro/2013) uma nova estação de metrô, completando 74km de extensão de rede. É a mesma dimensão do metrô de São Paulo (a maior entre as brasileiras). A diferença é que Caracas tem uma população de 3,2 milhões de habitantes, enquanto a Região Metropolitana de São Paulo tem 20,8 milhões. Caracas não é o único exemplo para mostrar que o transporte urbano de massa no Brasil está muito atrasado. A Cidade do México, uma cidade com graves problemas de mobilidade urbana, tem 177km de trilhos de metrô (2,4 vezes mais que São Paulo) para uma população metropolitana de 26,1 milhões (1,25 vezes maior). Proporcionalmente, São Paulo está em situação pior.

O Rio de Janeiro, com 12 milhões de habitantes, tem 46km de metrô. Santiago, capital do Chile, com apenas 6,7 milhões de pessoas (pouco mais da metade do Rio) tem espantosos 102km de metrô (mais que o dobro do Rio). E o metrô de Santiago é de alta qualidade. O Rio tem pouco mais que os 43km de metrô de Valparaíso, no Chile, uma cidade que não tem nem 300.000 habitantes.

Curiosamente (pra dizer o mínimo) o metrô de Caracas foi financiado pelo BNDES. Sim, com o nosso dinheiro. O mesmo banco estatal que investiu nas empresas em que o governo apostava, as “campeãs nacionais”, para competir internacionalmente e que não entregaram o resultado esperado. Fez isso num esforço de ressuscitar nosso minúsculo PIB, e com isso deixou de investir no desenvolvimento (palavra que consta no nome do banco). Não resolveu nenhum dos dois problemas.

E o nosso PIB é sofrível justamente pela falta de investimentos em infraestrutura, que o BNDES deveria fomentar. Mais recentemente o governo percebeu o erro e voltou atrás, alterando a política do banco e – pelo menos no discurso – pretendendo melhorar o ambiente de negócios para atrair de volta os investimentos privados. Depois de ter dado as costas para o setor que tem recursos e interesse nesse tipo de investimento, criou um modelo de concessões cheio de regras ineficientes e quis fixar o retorno do investidor. Ou seja, quis agir como se não existisse mercado (onde os preços e retornos se definem), coisa que nem a China faz mais. Resultado: está difícil achar interessados, e o Brasil vai ter que continuar esperando.

Enquanto isso, o município do Rio de Janeiro, que não quis complicar a vida do investidor, está com quatro PPPs em andamento e que vão muito bem para os dois lados do balcão. Uma delas é o Porto Maravilha, uma revitalização urbana que dá visibilidade internacional à cidade. O governo local vai resolvendo, como pode, problemas de escala federal.

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