O Guia Michelin é um dos mais respeitados e famosos guias de restaurantes do mundo, e atualmente nada tem a ver com a fabricante de pneus com mesmo nome. São duas empresas distintas. Mas existe uma origem em comum, e aqui há um ponto de contato com a história do urbanismo.
O advento e a popularização do automóvel modificaram profundamente a forma de usar a cidade. Quem fica sem um carro (e não está acostumado a isto) percebe claramente que são dois estilos de interação com o espaço urbano, totalmente diferentes. Sem o carro a área próxima é muito mais acessada do que a distante, a não ser que haja uma necessidade ou interesse específico para um deslocamento maior.
Quando o automóvel surgiu, este era o estilo de vida corrente de toda a população, independente da faixa de renda. Mesmo com o novo bem de consumo em seu poder, as famílias mantinham os hábitos anteriores, e a máquina era muito menos utilizada do que hoje em dia. Nenhum problema para os fabricantes de automóveis, mas algum para os de pneus, pois estes não se desgastavam e não eram substituídos.
Daí veio a ideia de André Michelin, co-fundador da Compagnie Générale des Établissements Michelin, uma das maiores fabricantes de pneus da França, de distribuir um guia que mostrasse locais de interesse (restaurantes e outros pontos turísticos) a uma distância de Paris possível de ser realizada em um dia, ou num final de semana. O objetivo era estimular o uso do automóvel para conhecer regiões mais distantes, que passava a ser uma possibilidade real. Inicialmente, o guia era distribuído gratuitamente, e logo se tornou um sucesso.
Bom para o guia, que é hoje uma empresa sólida e respeitada, e para a fabricante de pneus, que existe até hoje.
Hoje existem dois guias Michelin: um de restaurantes (vermelho) e outro de pontos turísticos (verde).